Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 19 de dezembro de 2022 às 16h15.
Última atualização em 19 de dezembro de 2022 às 16h51.
Virada do ano e otimismo costumam andar de lado, especialmente no mercado financeiro. Mas um relatório divulgado pelo BTG Pactual nesta segunda-feira, 19, colocou esse cliché em xeque, com perspectivas pouco animadoras para a bolsa em 2023. Pelo cenário base traçado pelos analistas, o Ibovespa deverá encerrar o próximo ano em 111.105 pontos.
A projeção considera um potencial de alta de 8% em relação ao último fechamento, sugerindo um retorno abaixo da Selic, atualmente em 13,75% ao ano. Mas isso apenas se houver "melhorias marginais nas principais variáveis".
A principal variável na conta do BTG é a taxa de juro e, pelo cenário base, a Selic cairia para 12,5%. A queda seria inferior à projetada pelo consenso do Focus, que tem 11,75% para a Selic de 2023, e maior que a precificada nos juros futuros da bolsa, que vê mais espaço para alta do que para queda de juros no ano que vem.
"De maneira geral, a situação atual aponta para um cenário mais desafiador para as principais premissas que utilizamos em nosso exercício", avaliaram os analistas.
Se a inflação e o fiscal forçarem o Banco Central a manter os juros elevados por mais tempo, ou até mesmo subir para 14%, a projeção do BTG é de que o Ibovespa caia para 91.656 pontos no ano que vem.
O cenário, segundo o BTG, seria ainda mais preocupante para ações de empresas associadas à economia local, como varejistas. "Em caso de juros mais altos por mais tempo, o PIB pode crescer ainda menos do que o esperado [ou talvez não crescer]. Isso, combinado com o aumento das despesas financeiras, pode prejudicar nossas estimativas de crescimento dos lucros das empresas nacionais em 2023"
Mas se o oposto ocorrer e o BC baixar os juros para 11,5%, o Ibovespa poderia subir para 129.622 pontos — ainda abaixo da máxima histórica de 131.190 pontos de junho de 2021.
Já a projeção mais otimista do BTG, em que os juro cairia para 9,5% e o crescimento real de 2,5% a pontuação do Ibovespa poderia quase dobrar, indo para 194.433 pontos.