Mercados

Ibovespa avança mesmo após tombo da Braskem; dólar recua a R$ 3,85

Enfraquecida por chance de queda dos juros, moeda dos EUA terminou o dia no menor valor desde 10 de abril

Braskem: desistência de venda abalou os papéis da petroquímica (Luke Sharrett/Bloomberg/Bloomberg)

Braskem: desistência de venda abalou os papéis da petroquímica (Luke Sharrett/Bloomberg/Bloomberg)

TL

Tais Laporta

Publicado em 4 de junho de 2019 às 17h21.

Última atualização em 4 de junho de 2019 às 17h36.

O principal indicador da bolsa brasileira chegou a sucumbir ao forte tombo da Braskem nesta terça-feira (4), mas o forte avanço da companhia de saneamento Sabesp fez o contrapeso. Em dia instável, o Ibovespa conseguiu fechar em alta de 0,37%, aos 97.380 pontos, amparado também pelo viés positivo no exterior e pela cena política do Brasil.

Já o dólar fechou em baixa pela quinta vez das últimas seis sessões, perdendo 0,83%. A moeda terminou negociada a R$ 3,85, no menor valor em cerca de oito semanas.

O dia foi de queda para a moeda em todo o mundo, com expectativas de um corte nas taxas de juros nos Estados Unidos, e em meio a um sentimento positivo para a agenda de reformas no Brasil. Frente ao real, o dólar foi ao nível mais baixo desde 10 de abril. A possível redução dos juros nos EUA também favoreceu as bolsas em Wall Street, recuperando-se das fortes perdas na véspera.

Perda da Braskem pressionou o Ibovespa

A petroquímica Braskem perdeu mais de 16%, após o fracasso nas negociações com a holandesa LyondellBasell para a compra de seu controle, hoje detido pela conglomerado do ramo de construção Odebrecht. Mais cedo, a empresa chegou a recuar quase 20%, tocando o menor valor desde meados de 2017.

A ação foi a terceira mais negociada do dia, atrás apenas de Vale e Petrobras, que subiram, ajudando a sustentar os ganhos do índice.

Exterior positivo e cena política sustentaram ganhos

Ao longo do dia, o Ibovespa chegou a subir 0,7%, favorecido pelo  otimismo no exterior e pela repercussão de votações no Congresso Nacional. Entre elas, agradou a aprovação pelo Senado da Medida Provisória 871, que trata do combate a fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), considerada peça importante para a implantação da reforma da Previdência.

Também ajudou no sentimento positivo notícia de que o projeto que atualiza o Marco Legal do Saneamento Básico (PL 3.261/2019) vai ser analisado em regime de urgência.

"As notícias corroboram a percepção de que há um clima mais harmonioso entre Executivo e Legislativo", escreveu a equipe da Coinvalores em nota a clientes, destacando, contudo, que do lado econômico as novidades não trazem ânimo.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta terça-feira mostraram que a atividade avançou 0,3% em abril na comparação com março, marcando no ano dois resultados mensais positivos e dois negativos..

Outros destaques do mercado de ações

As ações da empresa paulista de água e esgoto SABESP subiram mais de 10%, favorecidas pela aprovação pelo Senado de regime de urgência para o projeto que retoma a medida provisória 868, que atualiza o Marco Legal do Saneamento Básico no país, considerado essencial para uma eventual privatização da companhia.

Na bolsa de Nova York, os papéis da varejista online NETSHOES chegaram a perder 14% depois que a empresa pediu a seus acionistas que aceitem a proposta de compra do Magazine Luiza, em detrimento da CENTAURO, que chegou a fazer uma oferta maior pela rede e perdeu mais de 2% na B3, nesta terça-feira. MAGAZINE LUIZA também recuou.

Os papéis das produtoras de alimentos JBS e MARFRIG avançaram quase 5% e 1%, respectivamente, recuperando-se de perdas na véspera, quando houve a suspensão das exportações de carne bovina à China por um caso atípico da doença da vaca louca no Mato Grosso. A Organização Mundial de Saúde Animal manteve o status do Brasil de risco insignificante para a doença.

A companhia energética EDP BRASIL subiu mais de 4%, após notícia de que a China Three Gorges avalia um acordo para obter o controle no Brasil da EDP-Energias de Portugal, conforme a “Bloomberg”.Os papéis chegaram a subir 7,5%.

A petrolífera de controle estatal PETROBRAS avançou mesmo com o declínio dos preços do petróleo no exterior. O mercado espera a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) prevista para esta semana que pode comprometer as vendas de ativos da empresa.

A mineradora VALE fechou em leve alta após cair mais cedo,, descolada de suas pares no exterior e do declínio dos preços do minério de ferro na China.

Acompanhe tudo sobre:AçõesB3BraskemDólarIbovespa

Mais de Mercados

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

Petrobras anuncia volta ao setor de etanol