Bolsa: Ibovespa vira para queda ainda nos primeiros negócios do dia (Germano Luders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 2 de setembro de 2020 às 12h45.
Última atualização em 2 de setembro de 2020 às 17h43.
Depois de abrir em alta, acompanhando o cenário externo, a bolsa brasileira virou para o campo negativo ainda nos primeiros negócios desta quarta-feira, 2 e por lá permaneceu durante todo o pregão. Na mínima da sessão, o Ibovespa, principal índice da B3, chegou a registrar mais de 1% de queda, puxado por ações de blue chips, como Vale e Itau, que chegaram a registrar 2% de desvalorização. O movimento de baixa, porém, foi atenuado na última hora de pregão e o Ibovespa fechou em queda de 0,25%, em 101.911,13, pontos.
No radar do mercado estiveram os dados do ADP de variação de empregos privados, que apontaram para a criação de 428.000 postos de trabalho em agosto. Embora seja o quarto mês consecutivo de recuperação do mercado de trabalho americano, o número ficou abaixo dos 950.000 novos empregos esperados. "Por um lado, o dado ajuda a pressionar o Congresso americano para mais uma rodada de estímulos fiscais, mas eles vieram bem abaixo do esperado", comenta Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.
Ainda que tenha decepcionado os investidores, o índice americano S&P 500 fechou em alta de 1,54% e o Nasdaq, de 0,98%. De acordo com analistas da Exame Research, ainda ajuda a sustentar o mercado a perspectiva de manutenção dos juros em níveis baixos por mais tempo, após o Federal Reserve ter anunciado a adoção de meta de inflação média, na semana passada.
No cenário interno, o anúncio do governo de que o projeto da reforma administrativa será entregue ao Congresso na quinta-feira, 3, e a aprovação do marco do gás pela Câmara segue gerando bom humor entre os investidores. “O marco do gás serve para destravar investimentos, quebrar o monopólio e baratear custos. Do ponto de vista do investidor, é algo bem marcante”, comenta Marcel Zambello, analista da Necton Investimentos.
Com o clima relativamente positivo no mercado, Gustavo Berotti, economista da Messem, vê a queda do Ibovespa motivada pela realização de lucros, após a bolsa ter registrado a maior alta em quase três meses na última sessão.
No extremo negativo, as ações companhias de papel e celulose, voltadas para a exportação, lideraram as perdas da sessão, tendo como pano de fundo a desvalorização do dólar no mercado de câmbio. Os papéis da Suzano caíram 4,13% e as da Klabin, 2,7%, com a desvalorização do dólar no radar. "Esses eram papéis que vinham se valorizando na esteira do dólar. Mas agora partem para a realização", comentou Bertotti. CSN e Metalúrgica Gerdau também fecharam no campo negativo, com respectivas quedas de 1,36% e 1,53%.
Apesar do tom levemente negativo na bolsa, as ações da Eletrobras fecharam entre as maiores altas, com suas ações ordinárias subindo 3,4%, refletindo o otimismo com o avanço da agenda econômica do governo. No mercado, há grande expectativa de que a empresa seja privatizada, mas para isso, o governo precisará do apoio do Congresso.