Analistas técnicos alertam que o Ibovespa está se aproximando de uma nova região de resistência | Foto: Yuichiro Chino/GettyImages (Yuichiro Chino/Getty Images)
Beatriz Quesada
Publicado em 4 de junho de 2021 às 06h05.
Última atualização em 4 de junho de 2021 às 07h26.
O Ibovespa nunca subiu tanto. Nesta semana, o principal índice da bolsa brasileira renovou seu recorde de pontos pela quarta vez consecutiva e já acumula seis sessões seguidas de ganhos, na maior sequência de altas desde novembro do ano passado.
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A nova pontuação máxima do índice é de 129.601,44 pontos, conquistada no pregão da última quarta-feira, 2 de junho. Embora seja consenso que a tendência de alta ainda deve continuar, analistas técnicos alertam que o Ibovespa está se aproximando de uma nova região de resistência, em torno dos 130.000 pontos.
“O mercado funciona em ondas, é como um movimento de respiração: você inspira e expira. Então é normal que, depois de um forte movimento de expansão, venha uma contração ou uma correção”, explica Otto Sparenberg, analista técnico do BTG Pactual digital.
Muito utilizada por investidores que fazem operações (trades) em períodos curtos de tempo, a análise técnica é uma estratégia que busca prever tendências de mercado por meio do estudo de gráficos com a variação de preço dos ativos. Nessa perspectiva, o Ibovespa está alcançando um novo pico e pode voltar a cair antes de retomar o movimento de alta.
“Seria saudável uma correção [para baixo] visto que o Ibovespa já teve seis pregões seguidos de alta. Acredito que podemos ver uma correção até a faixa dos 126 mil pontos ou 125 mil pontos para depois podermos alçar voos maiores, perto de 132 mil pontos entre junho e julho”, afirma Sparenberg.
Com isso em mente, o analista recomenda que os investidores aguardem a correção ou mesmo um movimento de lateralização (quando a tendência não é nem de alta nem de baixa) para irem às compras.
Os investidores, no entanto, não deverão esperar muito, já que a tendência de alta se mantém. “Os 130.000 pontos são um tropeço, podem frear a velocidade do avanço mas não mudam a direção do Ibovespa”, defende Raphael Figueredo, analista técnico e sócio da Eleven Financial.
A explicação vem do cenário macroeconômico. Em janeiro, quando a marca dos 125.000 pontos foi rompida pela primeira vez, o índice vinha embalado majoritariamente pelo cenário externo. As commodities se valorizavam com as perspectivas de retomada econômica e o Ibovespa subia com a ajuda de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3/PETR4).
No meio do caminho, porém, alguns fatores internos retiraram a força do índice. Um dos principais exemplos foi a troca no comando da Petrobras, que trouxe dúvidas sobre ingerência do governo na estatal e fez o Ibovespa tombar quase 5% em um único dia. O avanço da pandemia e incertezas sobre a aprovação do Orçamento também ajudaram a puxar o índice para baixo.
As incertezas, no entanto, deram lugar a dados animadores sobre a recuperação econômica local. O PIB do Brasil cresceu 1,2% de janeiro a março na comparação com o quarto trimestre, superando a mediana das estimativas de mercado. No consenso da Bloomberg, por exemplo, a expectativa era de alta de 0,9%.
A perspectiva de recuperação da economia local impulsionou as ações dependentes do cenário doméstico, como as dos grandes bancos, que ainda não tinham conseguido se recuperar completamente da crise. O setor representa, sozinho, quase 15% do Ibovespa, o que ajuda a explicar a renovação do fôlego por novas altas nos últimos dias.
“A análise técnica aponta uma rotação setorial de menor preferência por materiais básicos [commodities] e aumento da procura por consumo e setor financeiro. E esses são os três setores que mais têm impacto sobre o Ibovespa, abrindo caminho para novos rompimentos de máximas”, defende Figueredo.
Os analistas também concordam que a marca dos 125.000 pontos -- que o Ibovespa demorou cinco meses para voltar a superar -- não deve voltar a ser um problema tão cedo. “Antes os 125.000 pontos eram uma região de topo e agora devem passar a ser um suporte, uma marca que o índice vai respeitar mesmo na queda”, afirma Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.
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O BTG Pactual tem uma previsão do Ibovespa a 132 mil pontos no médio prazo, enquanto a Eleven tem uma projeção de 138 mil pontos para o mesmo período, podendo chegar até os 150 mil pontos no cenário mais otimista. Já a Veedha coloca o índice aos 132.200 pontos em um primeiro momento, podendo alcançar os 154.000 pontos.