Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 14 de junho de 2022 às 10h24.
Última atualização em 14 de junho de 2022 às 16h58.
Ibovespa hoje: o principal índice da bolsa brasileira opera em queda nesta terça-feira, 14, véspera de decisão de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. Conhecido no mercado como “Super Quarta”, o dia será marcado pela decisão do banco central americano, Federal Reserve (Fed), às 15h e pela decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central brasileiro (Copom) após o fechamento do mercado.
Até lá, as bolsas se mantêm voláteis, operando em compasso de espera à medida que os juros futuros sobem. Por aqui, o Ibovespa já acumula queda superior a 3% nesta semana.
No exterior, havia um consenso de que o Fed teria que acelerar o ritmo de alta de juros em 0,50 ponto percentual (p.p) para 0,75 p.p.. Porém, as apostas de um aperto monetário mais duro ganharam força a partir da última semana, quando o principal índice de inflação dos EUA, o Índice de Preço ao Consumidor americano (CPI, na sigla em inglês), saiu acima do esperado.
A probabilidade de que o Fed eleve os juros americanos em 0,75 p.p. está acima de 90% segundo levantamento do CME Group. Apenas 9% do mercado espera pela manutenção do ritmo de 0,5 p.p., que levaria a taxa americana para o intervalo entre 1,25% e 1,50%.
“Todo o mercado está voltado para reuniões dos Bancos Centrais amanhã. Havia a expectativa de que a alta de juros nos EUA fosse de 0,5 p.p.. Porém, com os dados recentes de inflação mais fortes lá fora, o cenário fica turvo e causa volatilidade”, aponta Wagner Varejão, especialista em investimentos da Valor.
Juros mais altos diminuem a atratividade das bolsas e derrubam os principais índices americanos. Os índices de Nova York caminham para o quinto pregão consecutivo de perdas. Nos últimos quatro, as quedas acumuladas foram de cerca de 10%.
Além do Fed, é possível que o Copom também tome uma decisão mais dura. O consenso ainda é de alta de 0,50 p.p., que levaria a Selic para 13,25%. Mas crescem as expectativas de que o ciclo de alta de juros não termine por aí, com mais uma elevação de 0,50 p.p. na reunião de agosto.
As perspectivas afetam o dólar, que tem mais uma sessão de alta contra o real acompanhando a alta da moeda americana no exterior. Na véspera, a moeda disparou 2,4% contra o real.
Ações de empresas de consumo, mais dependentes da atividade econômica, figuram entre as maiores quedas do pregão. Papéis de tecnologia, entre os mais afetados pelos juros mais altos, também recuam.
Outro destaque de queda fica com os papéis da CVC, que recuam mais de 6% após anúncio de oferta secundária de ações (follow-on). Conselho de Administração da companhia de turismo aprovou a oferta inicial de 46,5 milhões de ações ordinárias, que poderá aumentar em 25%, dependendo da demanda. O follow-on poderá movimentar mais de R$ 450 milhões, considerando o lote suplementar e a cotação dos papéis no último fechamento, de R$ 8,21.
Já a ponta positiva é liderada pelas ações da Eletrobras, que voltam a subir nesta terça em seu segundo dia após a realização da oferta que privatizou a companhia. A Petrobras também avança, beneficiada pela alta do petróleo. A commodity é negociada acima de US$ 124 no exterior.
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