Bolsa: Ibovespa vira no período da tarde e fecha em alta de 0,42%, em 100.097 (Amanda Perobelli/Reuters)
Guilherme Guilherme
Publicado em 17 de setembro de 2020 às 10h23.
Última atualização em 17 de setembro de 2020 às 17h38.
Depois de abrir em queda, o Ibovespa, principal índice da B3, virou no período da tarde e fechou em alta de 0,42%, em 100.097,83 pontos. O movimento foi na contramão do cenário externo. Mas apesar do clima majoritariamente negativo nos mercados internacionais, as ações da Petrobras, Vale e Ambev, com grande peso no índice, subiram e contribuíram para o tom positivo na bolsa
O preço do barril de petróleo sobe pelo segundo dia consecutivo, após acumular queda de mais de 10% nas últimas duas semanas em meio às incertezas sobre a demanda. No radar, estiveram as pressões da Arábia Saudita para que os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP+) cumpram o acordo de redução da oferta. Acompanhando a valorização do barril de petróleo, as ações ordinárias da Petrobras subiram 2,23% e as preferenciais, 1,93%.
Após receberem recomendação de compra pelo Credit Suisse, as ações da Usiminas dispararam 5,15% e lideraram as altas do Ibovespa, mesmo com a queda do minério de ferro na China. As ações da Vale também tiveram um forte desempenho, subindo 1,82%, enquanto CSN e Gerdau Metalúrgica avançaram 2,58% e 1,91%, respectivamente.
As ações da Ambev subiram 4,78% nesta quinta, com o aumento expressivo de vendas de distribuidoras , revelado pela Confederação Nacional das Revendas Ambev e das Empresas de Logística da Distribuição (Confenar) em entrevista ao Valor. "A notícia é positiva. A Ambev vinha perdendo espaço no Brasil e no exterior por causa do aumento da concorrência", comenta Gustavo Bertotti, economista da Messem
As ações da incorporadora Plano & Plano abriram em alta de pouco mais de 4% em seu primeiro dia de negociação na B3, mas perdeu o fôlego inicial ao longo do dia, fechando estável. Em IPO, o preço do ativo saiu abaixo da faixa indicativa em IPO.
Apesar da alta do Ibovespa, os principais índice de ações do mundo fecharam em queda, repercutindo negativamente o pronunciamento do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Nos Estados Unidos, o índice S&P 500 caiu 0,82% e o Nasdaq, 1,27%
Embora tenha sinalizado que os juros americanos permanecerão próximos de 0% ao ano até 2023, os investidores seguem repercutindo negativamente o discurso de Powell, que alertou sobre riscos à economia e não anunciou novas medidas de estímulos, que eram esperadas pelo mercado. “Esses fatores geram um certo clima de frustração entre os investidores”, afirmam analistas da Exame Research.
No radar dos investidores também estão as decisões dos bancos centrais do Japão e Reino Unido, que também mantiveram os juros inalterados, como já era esperado. Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa de juros Selic em 2%, interrompendo o ciclo de cortes. "A manutenção da Selic já era esperada. O mercado também entendeu os sinais do BC sobre inflação como um cenário temporário. O Copom não fechou totalmente a porta para mais cortes, pois repetiu que, se houver espaço para uso da política monetária, será pequeno", comenta Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.
Os dados semanais de pedidos de seguro desemprego, divulgado nesta manhã, voltaram a decepcionar os investidores ao ficar abaixo do esperado pela segunda vez seguida. Foram registrados 860.000 pedidos contra as projeções de 850.000. Ainda assim, este foi o menor número desde que os impactos econômicos da pandemia atingiram o mercado de trabalho americano, em meados de março. Esta também foi a terceira vez consecutiva que os pedidos semanais ficam abaixo de 1 milhão.
Além dos pedidos de seguro desemprego, pela manhã, foi divulgado os dados americanos de licenças de construção de agosto, que também ficaram abaixo das expectativas, em 1,470 milhão ante 1,520 milhão esperados. Em relação ao mês anterior, houve queda de 0,9%.