Ibovespa: índice recua após corte de rating (Reuters/Reuters)
Rita Azevedo
Publicado em 12 de janeiro de 2018 às 10h16.
Última atualização em 12 de janeiro de 2018 às 12h19.
São Paulo -- O Ibovespa começou a sexta-feira em queda, após o rebaixamento do rating do Brasil pela agência de classificação de risco S&P Global. Às 12h, o principal índice da Bolsa caía 0,4%, a 79.044 pontos.
A nota soberana do país foi rebaixada, na noite de ontem, de BB para BB-, com perspectiva estável. O corte já esperado pelo mercado, depois que o governo de Michel Temer terminou 2017 sem aprovar a reforma da Previdência.
A S&P justificou o rebaixamento em função da demora na aprovação de medidas para reequilibrar as contas públicas e de incertezas devido às eleições presidenciais. De acordo com a agência, o atraso no avanço das reformas e a incerteza política são as principais fraquezas do rating do Brasil.
Em comunicado, a agência comentou que o governo articulou uma agenda macroeconômica e microeconômica abrangente para implementar condições para um crescimento mais forte. A S&P também lembrou que o Congresso aprovou uma parte dessa agenda, incluindo o teto de gastos, a reforma trabalhista, uma reabertura do setor de petróleo e gás e um regime de recuperação fiscal para Estados.
No entanto, “apesar dos vários avanços, o governo Temer fez progressos menores que o esperado” na avaliação da agência.
De acordo com a S&P, a perspectiva estável reflete a visão de que há uma probabilidade menor do que uma em cada três de que possa haver um rebaixamento ou uma elevação da nota do Brasil no próximo ano.
“Isso reflete os pontos fortes da política externa e monetária do País, que ajudam a compensar uma fraqueza significativa, uma economia com perspectivas de crescimento menores do que seus pares e nossa visão de que a eficácia da formulação de políticas em todos os ramos do governo enfraqueceu”, afirmou a agência.
A agência alertou que há riscos para um rebaixamento adicional do Brasil no próximo ano caso uma fraqueza do balanço de pagamentos prejudique o acesso ao mercado ou gere um aumento acentuado da dívida externa. Em caso contrário, a S&P Global enxerga que o espaço para elevação do rating BB- pode surgir se o governo eleito em outubro “se articular e implementar uma correção fiscal sólida e sustentável, com apoio do Congresso”.
O Ministério da Fazenda divulgou um comunicado, logo após o rebaixamento do rating, em que diz que o governo continua comprometido com a consolidação fiscal e com a aprovação de medidas como a reforma da Previdência.
“O governo reforça seu compromisso em aprovar medidas como a reforma da Previdência, a tributação de fundos exclusivos, reoneração da folha de pagamentos, adiamento do reajuste dos servidores públicos, entre outras iniciativas que concorrem para garantir o crescimento sustentável da economia brasileira e o equilíbrio fiscal de longo prazo”, disse a Fazenda.
Depois de falar que sempre teve o apoio do Legislativo, a Fazenda encerra a nota afirmando ter certeza de que o Congresso “continuará a trabalhar em favor das reformas e do ajuste fiscal fundamentais para o Brasil”.
A classificação de risco por agências estrangeiras representa uma medida de confiança dos investidores internacionais na economia de determinado país. As notas servem como referência para os juros dos títulos públicos, que representam o custo para o governo pegar dinheiro emprestado dos investidores.
O grau de investimento funciona como um atestado de que os países não correm risco de dar calote na dívida pública. Abaixo dessa categoria, está o grau especulativo, cuja probabilidade de deixar de pagar a dívida pública sobe à medida que a nota diminui.
As agências mais conceituadas pelo mercado são a Fitch, a Moody’s e a Standard & Poor’s (S&P), que periodicamente enviam técnicos aos países avaliados para analisarem as condições da economia.
Uma avaliação positiva faz um país e suas empresas levantarem recursos no mercado internacional com custos menores e melhores condições de pagamento, atraindo a atenção de investidores estrangeiros.
Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil.