B3: Índice flertou com o patamar dos 137 mil pontos (B3/Divulgação)
Redatora na Exame
Publicado em 8 de maio de 2025 às 10h50.
Última atualização em 8 de maio de 2025 às 17h35.
Depois de bater a máxima histórica ao longo do pregão, o Ibovespa perdeu um pouco de fôlego e fechou perto das mínimas – ainda com uma alta expressiva, de 2,12%, a 136.321,90 pontos.
O índice de referência da B3 bateu a máxima de 137,634,57 pontos por volta das 12h45, superando o maior valor histórico que tinha sido atingido em agosto de 2024.
Numa sessão amplamente positiva, as ações brasileiras contaram com alguma força do ambiente externo, com destaque para o acordo comercial entre Estados Unidos e Reino Unido e a perspectiva de avanço nas negociações com a China.
Mas o bom momento foi impulsionado principalmente por fatores internos. Um dos fatores principais foi a percepção de que o ciclo de aperto da Selic chegou ao fim, depois do aumento anunciado ontem, o que fechou a curva de juros de longo prazo e deu impulso principalmente a ações cíclicas.
O movimento contribuiu também para a valorização do real. O dólar fechou na mínima do dia, em queda de 1,46%, a R$ 5,6613.
A recomendação de 'compra' para bolsa brasileira do Bradesco BBI, apontando tanto a aproximação de um ciclo de corte de juros quanto um rali com as eleições de 2026 também deu fôlego.
A alta da índice ganhou força também com balanços bastante positivos, com destaque para o do Bradesco, uma das ações com maior peso do píndice
As ações fecharam com ganhos de 15,64% (BBDC4) e 14,04% (BBDC3) com a companhia sinalizando uma forte recuperação nos três primeiros meses do ano e apontando para crescimento da carteira de crédito no teto do guidance, apesar do desafio dos juros mais elevados.
"Esse balanço deixou claro que podemos ter inflexão em companhias que não estavam indo bem", aponta o gestor de um fundo de ações local.
A Azzas 2154, dona de marcas como Arezzo, Farm e Hering, também foi destaque no dia, com avanço de 22%, depois de um resultado que mostrou tanto vendas quanto rentabilidade melhor e dissipando os temores de problemas de integração após a fusão de Arezzo &Co e Soma.
Apenas 16 ações que compõem o índice fecharam em baixa, com destaque para exportadoras, que responderam ao dólar mais baixo. O destaque foi Minerva (BEEF3), que, além da sensibilidade cambial, veio com resultados abaixo do esperado.
Na quarta-feira, 7, após o fechamento do mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou a elevação da Selic em 0,5 ponto percentual, para 14,75% ao ano.
Como esperado, os diretores do Banco Central (BC) não se comprometeram com uma nova alta da taxa, mas deixaram a porta aberta para que os juros subam mais vez, caso necessário. O mercado, contudo, leu o comunicado como apontando uma grande possibilidade de interrupção das altas.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) também não surpreendeu e manteve a taxa de juros entre 4,25% e 4,5%, em meio à guerra tarifária de Trump. “Se os grandes aumentos nas tarifas que foram anunciados se sustentarem, eles provavelmente vão gerar um aumento na inflação, uma desaceleração no crescimento econômico e um aumento do desemprego”, falou Jerome Powell logo após a decisão. “Não sentimos que precisamos ter pressa. Acreditamos que é apropriado ser paciente”, disse.
O acordo entre Reino Unido e Estados Unidos, anunciado hoje, e a perspectiva de negociações entre os americanos e chineses também dão ânimo ao mercado.
Nesta quinta-feira, 8, Banco da Inglaterra cortou a taxa de juros do país em 0,25 ponto percentual, para 4,25%, citando o efeito das tarifas americanas sobre o crescimento econômico global.
Nesta manhã, a FGV divulgou que a inflação no varejo no Brasil acelerou para 0,52% em abril, impulsionada principalmente por aumentos nos preços de medicamentos e alimentos. Além disso, o IPC-S da primeira quadrissemana de maio subiu 0,50%, acumulando alta de 4,47% nos últimos 12 meses.
Já a Anfavea informou que a produção de veículos no país cresceu 20,1% em abril em comparação com março. Ao todo, a indústria brasileira produziu 228,2 mil veículos no período.
Nos Estados Unidos, o Departamento de Trabalho divulgou que a produtividade da mão de obra caiu 0,8% no primeiro trimestre de 2025, marcando o primeiro declínio desde o segundo trimestre de 2022. Já os custos unitários da mão de obra aumentaram 5,7%, superando as previsões de 5,1%. Os pedidos de auxílio-desemprego, por sua vez, caíram 13 mil, para 228 mil.