Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 21 de março de 2022 às 12h44.
Última atualização em 21 de março de 2022 às 13h18.
A Guide Investimentos alterou sua projeção de Ibovespa de 120.000 para 130.000 pontos para o fim deste ano. A revisão, segundo analistas da casa, se deve a três razões principais.
A alta das commodities, acelerada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, deve ter efeitos significativos sobre os lucros das principais empresas do Ibovespa.
“Acreditamos que 2022 deve ser um ano onde as produtoras de commodities irão liderar o crescimento de lucros (assim como no início de ciclos anteriores, como em 2005, 2009 e 2016)”, disse o relatório assinado pelos analistas Fernando Siqueira, Rodrigo Crespi e Gabriel Garcia.
Os analistas também esperam lucros mais altos para outros setores, ainda que em ritmo mais lento. “O aumento da mobilidade deve continuar ajudando. Além disso, a inflação está sendo repassada de alguma maneira, o que tende a gerar aumento do lucro nominal.”
A expectativa de que bancos centrais desenvolvidos apertem suas políticas monetárias, enquanto as altas de juros se aproximam do fim no Brasil, deve seguir impulsionando a entrada de estrangeiros na B3, afirma a Guide.
O ingresso de capital externo na bolsa brasileira neste ano está em 75 bilhões de reais, de acordo com dados da B3. O montante supera todo o saldo de 2021, quando esse número ficou em 70 bilhões, desconsiderando investimentos feitos em ofertas de ações.
“Acreditamos que o aumento de juros nos Estados Unidos também não seja um impeditivo para a recuperação do mercado de ações brasileiro. Historicamente, o Ibovespa superou o desempenho do S&P 500 em momentos de aumento de juros nos Estados Unidos”, afirmaram os analistas da Guide.
Embora reconheçam os efeitos das eleições anteriores na bolsa, analistas da Guide acreditam que o pleito deste ano terá “pouco impacto” sobre o mercado. “Os dois candidatos com mais chances de vitória [presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva] não devem promover grandes mudanças na política econômica.”
“Vemos o Lula como um candidato “de esquerda”, mas que deve manter boa parte das medidas implementadas pelo seu antecessor, assim como já visto antes. Bolsonaro, por outro lado, é um candidato “de direita”, mas com pouca convicção em assuntos econômicos e que acaba levado pela pressão popular ou do congresso a ir mais para o centro em questões econômicas.”