Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 10 de maio de 2021 às 06h15.
Última atualização em 10 de maio de 2021 às 06h18.
Com 15 milhões de casos confirmados, a pandemia de Covid-19 no Brasil ainda está longe de ser controlada. A perspectiva do mercado, no entanto, é a de que, ao longo dos próximos meses, a situação vai melhorar com o avanço da vacinação e a consequente reabertura da economia. No embalo da retomada, a expectativa é que o Ibovespa renove suas pontuações máximas ainda neste ano.
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A média entre 10 bancos e corretoras consultados pela EXAME Invest coloca o principal índice da B3 aos 136.444 pontos no final de 2021, variando entre 128.000 na visão mais pessimista e 145.000 pontos no cenário mais positivo.
Considerando o fechamento do último pregão, aos 122.038 pontos, o Ibovespa ainda deve subir 11,8% segundo a média das projeções consultadas – e pode alcançar um crescimento de 18,81% na estimativa mais otimista.
Na mediana (o ponto médio entre as projeções), o Ibovespa acaba o ano aos 135.000 pontos, com potencial de alta de 10,6%. Veja abaixo as estimativas de 10 bancos e corretoras:
Instituição | Projeção atual | Previsão no início do ano | Potencial de alta* |
Ativa Investimentos |
128.000 |
128.000 |
4,88% |
BB Investimentos |
140.000 |
130.000 |
14,71% |
BTG Pactual |
140.000 |
140.000 |
14,71% |
Goldman Sachs |
135.000 |
135.000 |
10,62% |
Guide Investimentos |
130.000 |
135.000 |
6% |
Modalmais |
135.000** |
135.000 |
10,62% |
Necton |
140.000 |
140.000 |
14,71% |
Santander |
135.000 |
135.000 |
10,62% |
Terra |
135.000 |
135.000 |
10,62% |
XP |
145.000 |
135.000 |
18,81% |
*Considerando a projeção atual em comparação ao fechamento do pregão de 07/05, aos 122.038 | |||
*Com viés otimista até 139.000 |
O BB Investimentos baseia sua recomendação em um cenário que pressupõe a redução de riscos domésticos no Brasil com o avanço da vacinação, a diminuição do número de internações e o potencial de recuperação das companhias brasileiras. Neste início de maio, tanto o BB Investimentos como a XP revisaram para cima suas projeções para o índice, passando de 130.000 para 140.000 no caso do banco e de 135.000 para 145.000 no cenário da corretora.
“A temporada de balanços de empresas, referente ao primeiro trimestre do ano, deverá denotar que as empresas brasileiras permanecem com resultados sólidos e preparadas para impulsionar uma rápida recuperação econômica ao país, assim que o lockdown (confinamento) for sendo extinto nas regiões onde foi imposto”, afirma, em relatório, o analista Victor Penna, do BB Investimentos.
A expectativa de lucro das empresas foi também um dos fatores que motivou a revisão da XP. “Olhando para diversas métricas, a bolsa está barata. O Ibovespa negocia com um múltiplo preço/lucro abaixo de sua média histórica e com um desconto maior do que no passado quando comparamos com os EUA e mercados emergentes”, argumentam os analistas Fernando Ferreira, Marcella Ungaretti e Jennie Li, em relatório.
Outro ponto levantado pelos analistas de ambas as casas é o cenário internacional favorável ao Brasil. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) reforçou que deve manter os juros próximos a zero mesmo com alguma elevação da inflação, que ele vê como transitória. A perspectiva de juros baixos empurra os investidores para produtos mais arriscados como, por exemplo, os oferecidos nos mercados emergentes.
Penna destaca ainda a possibilidade de que a reforma tributária e a administrativa possam sair do papel ao longo dos próximos meses. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem prometido colocar as duas reformas em pauta ainda neste ano. Se aprovadas, as mudanças dariam um alívio ao complicado cenário fiscal brasileiro, atraindo mais investimentos estrangeiros para a B3.
“Caso se confirme este panorama de mitigação de riscos internos, a continuidade de ingresso de capital estrangeiro deverá permanecer e impulsionar a bolsa brasileira, assim como abrir mais uma ‘janela de oportunidade’ para mais aberturas de capital (IPO) na B3”, completa o analista.
Sete entre as 10 instituições pesquisadas decidiram manter as primeiras projeções para o índice e, entre os bancos e as corretoras consultados, a Guide Investimentos foi a única a reduzir sua projeção para o Ibovespa neste ano, passando de 135.000 pontos no início do ano para 130.000 pontos a partir de fevereiro.
“A segunda onda da pandemia obrigou o comércio a fechar novamente, prejudicando o índice nos primeiros meses do ano. Isso se somou aos problemas que tínhamos em Brasília – como a dificuldade na aprovação do Orçamento – e nos levaram a reduzir a previsão. Mas é algo que vamos continuar a calibrar ao longo do ano, uma vez que o cenário agora parece um pouco mais favorável”, explica Henrique Esteter, analista da Guide.
Embora o índice tenha superado os 122.000 pontos no último pregão, vale lembrar que o Ibovespa vinha enfrentando dificuldades em se manter acima dos 120.000 pontos. Não à toa, o resultado do pregão de sexta-feira foi o melhor desde janeiro. No acumulado do ano, o índice avança 2,54%.
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