Em relação às tarifas impostas pelo governo dos EUA, que entram em vigor nesta quarta-feira, 6, Homem afirma que a Heineken "não vê um impacto direto".
"Não dependemos de insumos específicos afetados por essas mudanças, portanto, não prevemos que isso tenha um efeito significativo sobre nossos custos ou operações no Brasil. Estamos acompanhando a situação de perto, mas acreditamos que nossa diversificação de fornecedores e nossas estratégias locais nos protejam desses impactos", diz Homem.
Apostas no segmento premium
Globalmente, a Heineken registrou uma receita de € 7,64 bilhões no segundo trimestre de 2025, uma queda de 4,1% em relação ao mesmo período de 2024. O declínio foi impulsionado por desafios no volume de vendas, especialmente em mercados desenvolvidos como a Europa e a América do Norte, onde o consumo de cerveja enfrentou desaceleração. A companhia, no entanto, se destacou com o crescimento das marcas premium, como a própria Heineken, que teve um aumento de 4,5% nas vendas globais.
No Brasil, o desempenho da Heineken foi mais desafiador, com a receita líquida em queda orgânica de um dígito médio no primeiro semestre de 2025. O volume de vendas também apresentou uma redução de um dígito baixo, refletindo a desaceleração do consumo e ajustes nos estoques. Apesar disso, a companhia observou uma leve recuperação no segundo trimestre, especialmente em marcas estratégicas.
A Amstel, uma das principais marcas da Heineken no Brasil, teve um crescimento de aproximadamente 15% no semestre, impulsionado pela sua parceria com a CONMEBOL Libertadores, o que ampliou a visibilidade da marca entre os consumidores. A marca Heineken® também apresentou crescimento, embora modesto, de 1 dígito baixo, consolidando-se como a cerveja puro malte mais vendida no Brasil. A Eisenbahn, outra marca premium, também teve um desempenho positivo, com crescimento de um dígito alto.
"Temos um ano mais desafiador no sentido de categoria. A categoria de cerveja tem demonstrado desafios, mas seguimos na nossa estratégia de premiumização, que tem mostrado bons resultados nos últimos anos. Marcas como Heineken e Eisenbahn continuam a crescer e nos trazem liderança no segmento premium, que é super importante para nós", afirma Homem.
As reações dos analistas de mercado ao desempenho da Heineken foram mistas. O Bradesco BBI adotou uma posição mais cautelosa, destacando que o desempenho no Brasil foi mais fraco do que o esperado, especialmente no que diz respeito ao volume de vendas. No entanto, os analistas reconheceram o crescimento da Amstel como um ponto positivo.
O HSBC, por sua vez, foi mais otimista, elevando sua recomendação para a Heineken de "Hold" para "Buy" e posteriormente para "Strong Buy". O banco destacou a recuperação gradual e o sucesso das marcas premium como fatores que podem impulsionar a empresa no futuro. Além disso, o analista do HSBC ressaltou o potencial da estratégia premium, especialmente no Brasil, onde as marcas do segmento continuam a crescer, apesar das dificuldades no consumo de cerveja mainstream.
O Itaú BBA também se mostrou mais otimista, reconhecendo que o ajuste de preços de 6% implementado em julho pode ajudar a reequilibrar a dinâmica competitiva no Brasil e recuperar as margens de lucro da companhia. O banco destacou que, embora o desempenho global da Heineken tenha sido impactado por pressões cambiais e um mercado de cerveja mais fraco, as perspectivas de crescimento para as marcas premium e os investimentos estratégicos devem sustentar o crescimento da empresa no segundo semestre de 2025.