Mercados

Hedge funds lideram investimentos no setor de maconha

Desde o lançamento do Navy Capital Green Fund, em maio de 2017, os ativos sob sua gestão aumentaram de US$ 10 milhões para quase US$ 100 milhões

Maconha: uso recreativo será legalizado no Canadá em outubro (Chris Roussakis/Bloomberg/Bloomberg)

Maconha: uso recreativo será legalizado no Canadá em outubro (Chris Roussakis/Bloomberg/Bloomberg)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 12 de julho de 2018 às 16h27.

(Bloomberg) - O escritório da Navy Capital no centro de Manhattan poderia caber no armário para casacos de muitos de seus concorrentes. Mas o pequeno local do hedge fund não revela o sucesso da empresa que está apostando em algo que poucos de seus pares vão tocar: o cannabis.

A empresa afirmou que desde o lançamento do Navy Capital Green Fund, em maio de 2017, os ativos sob sua gestão aumentaram de US$ 10 milhões para quase US$ 100 milhões, com um retorno de mais de 100% líquido descontando as comissões no ano passado.

Quanto a 2018, “estamos tendo um ano bom até agora”, disse Sean Stiefel, 30, o fundador da Navy Capital, em entrevista do escritório da empresa na Avenida Lexington, onde o único adorno é um quadro branco com o título “perspectivas”.

Como o Canadá legalizará a maconha recreativa em 17 de outubro e os EUA mostram sinais de maior tolerância, os hedge funds como a Navy estão liderando o avanço do dinheiro institucional em um setor até agora dominado por investidores de varejo.

No Uruguai, mesmo?

A investida da Navy Capital no investimento em cannabis começou em 2016, quando a empresa recebeu uma ligação de um corretor canadense pedindo uma análise da ICC Labs, escolhida pelo Uruguai para produzir maconha recreativa depois da aprovação da lei de 2013 que legalizou a droga no país.

O diretor de investimentos John Kaden, 44, disse que eles quase não atenderam a ligação. “Você quer dizer, cannabis no Uruguai?”

Mas foi impossível ignorar as projeções de crescimento e a Navy comprou para entrar com uma avaliação de 40 milhões de dólares canadenses (US$ 30 milhões) antes de a ICC, com sede em Vancouver, ser listada na TSX Venture Exchange do Canadá por meio de uma aquisição reversa. Quatro meses depois, quando a empresa tinha atingido um valor de mercado de 160 milhões de dólares canadenses, eles venderam. Hoje ela vale cerca de 206 milhões de dólares canadenses.

Atualmente, cerca de metade da carteira da Navy está investida em empresas canadenses que considera “avaliadas adequadamente”, como CannTrust Holdings, Hydropothecary e Organigram Holdings. O restante está dividido entre os EUA, a Europa, Israel e a Austrália. O fundo investe em empresas de capital aberto e fechado e prevê que as melhores oportunidades de investimento passarão do Canadá para os EUA, a Europa e a América Latina.

Problemas

Embora os hedge funds como a Navy estejam entrando no setor da maconha, muitos fundos de previdência e de investimentos ainda relutam, disse Chris Barry, advogado da Dorsey & Whitney em Seattle, nos EUA, que trabalha com empresas de cannabis. Não que não considerem que seja uma oportunidade de investimento atraente.

“Eu acho esse setor tão empolgante, é como se envolver com a venda de álcool justo antes da proibição ser levantada”, disse o diretor financeiro da Navy Capital, Kevin Gahwyler.

Acompanhe tudo sobre:CanadáFundos hedgeMaconhaMercado financeiroUruguai

Mais de Mercados

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

Petrobras anuncia volta ao setor de etanol