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Gurus americanos ainda evitam investimento direto no Brasil

Gurus de investimento norte-americanos, como George Soros e Warren Buffett, ainda não arriscaram aposta no Brasil


	O bilionário Warren Buffett: gestores preferem ações chinesas e argentinas e exposição indireta ao Brasil
 (Daniel Acker/Bloomberg)

O bilionário Warren Buffett: gestores preferem ações chinesas e argentinas e exposição indireta ao Brasil (Daniel Acker/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 22 de agosto de 2016 às 09h45.

Nova York - O Brasil voltou ao radar dos investidores internacionais, mas ainda não passou a fazer parte diretamente das carteiras dos mais conhecidos investidores de Wall Street, como os bilionários George Soros, Warren Buffet, Carl Icahn, David Einhorn e Bill Ackman.

Estes gestores têm preferido comprar ações de empresas de países como China e Argentina ou ter exposição indireta ao Brasil, por meio de companhias que investem no País, conforme documentos enviados na semana passada à Securities and Exchange Commission (SEC), que regula o mercado de capitais dos EUA.

Soros, que tem carteira de US$ 5 bilhões, já teve ações da Petrobrás, mas preferiu agora investir na Argentina e resolveu aplicar na Pampa Energia, maior companhia elétrica do país vizinho. Além disso, ele aplica em empresas chinesas. No Brasil, Soros tem exposição por meio de papéis da Adecoagro, empresa com sede em Luxemburgo que investe em fazendas na América do Sul e na produção de açúcar e etanol no Mato Grosso.

Buffett, com aplicações avaliadas em US$ 130 bilhões e parceiro do bilionário Jorge Paulo Lemann em vários investimentos, como a compra do Burger King, só tem em sua carteira exposição indireta no Brasil, por meio de aplicações em multinacionais como Coca-Cola e General Motors, além da Kraft Heinz, companhia de alimentos que adquiriu em conjunto com Lemann.

As informações da SEC se referem ao segundo trimestre. Os investidores dos Estados Unidos são obrigados a enviar a cada fim de trimestre dados à SEC mostrando os papéis de suas carteiras.

Quando divulgados, os documentos são avaliados por analistas de investimento, em busca de informações sobre onde gurus como Soros, Icahn e Ackman estão aplicando.

No caso brasileiro, muitos deles têm preferido uma exposição indireta. Ackman, com carteira avaliada em US$ 7 bilhões, tem papéis da Restaurant Brands International, empresa com sede no Canadá que controla o Burger King. Soros também está exposto ao Brasil por meio de papéis de multinacionais, como a fabricante de bebidas Anheuser-Busch InBev.

Nos emergentes, a China é o mercado preferido dos grandes investidores. Vários deles têm ações de companhias do país asiático, como Vipshop, JD e China Biologics.

Fundo do poço

Para analistas que acompanham o Brasil em Nova York, a recessão brasileira, o caos político no País e o escândalo de corrupção na Petrobrás afastaram investidores estrangeiros de ativos brasileiros, que agora começaram a voltar com a promessa de reformas pelo presidente em exercício Michel Temer.

"Após dois anos de recessão profunda, os fundamentos econômicos do Brasil estão mostrando sinais de que o País está saindo do fundo do poço", diz a estrategista da BlackRock, maior gestora do mundo, Heidi Richardson, em relatório. Ela pondera, porém, que a vulnerabilidade persiste.

"O afastamento definitivo de Dilma Rousseff provavelmente deve desencadear a aceleração de reformas necessárias no Brasil", diz Heidi.

Neste cenário, os ativos brasileiros podem seguir atraindo investidores e apresentando melhora nesta segunda metade de 2016. O Bank of America Merrill Lynch prevê que o País pode atrair nova rodada de recursos com a saída de Dilma.

Para o analista da Janus Capital, gestora que administra US$ 180 bilhões em recursos, Dan Raghoonundon, já ocorreu uma mudança de percepção entre os investidores internacionais sobre o Brasil. Com isso, mais nomes de Wall Street devem passar a olhar o País mais de perto.

Uma das exceções entre os investidores de Wall Street é Jim Simons. Com carteira de US$ 52 bilhões, ele resolveu apostar em Brasil. No fim do segundo trimestre, tinha ações de empresas como BRF, Vale e Ultrapar.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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