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Grupo Virgolino paga mais na renda fixa com disparada do açúcar

Rentabilidade dos títulos do grupo é oito vezes maior do que os papéis similares de mercados emergentes

Na semana passada, o açúcar chegou ao maior preço em 30 anos (MAURICIO DE SOUZA)

Na semana passada, o açúcar chegou ao maior preço em 30 anos (MAURICIO DE SOUZA)

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Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2011 às 06h03.

Nova York e São Paulo - Os títulos da fabricante de açúcar e etanol Grupo Virgolino de Oliveira estão oferecendo a investidores uma rentabilidade oito vezes maior do que os papéis similares de mercados emergentes. A disparada nos preços do açúcar ajuda nesse desempenho.

Os títulos em dólares do Grupo Virgolino tiveram ganho de 2,3 por cento desde a oferta em 21 de janeiro, a primeira da companhia no mercado internacional. Em comparação, a rentabilidade de papéis de empresas com a mesma nota de crédito B é de 0,28 por cento, segundo dados compilados pelo Trace, sistema de informações sobre preços de bônus da Autoridade Reguladora da Indústria Financeira.

A classificação de risco B pela Standard & Poor’s é cinco níveis abaixo do grau de investimento. Os títulos da empresa com sede em São Paulo rendem 500 pontos-base mais do que títulos de grau de investimento, segundo o Bank of America Corp.

A disparada dos papéis do Virgolino é parte do avanço de títulos de alto risco, que têm classificação abaixo de Baa3 pela Moody´s Investors Service e BBB- pela S&P. E também está ligada à maior demanda dos investidores por títulos mais arriscados de emergentes, com o juro próximo a zero nos EUA, Japão e Europa.

“As pessoas estão famintas por opções de alto rendimento”, disse Juan Cruz, analista de bônus corporativos do Barclays Capital Plc em Nova York, que recomenda a compra dos títulos do Virgolino. “Esta é uma das poucas opções que vimos recentemente que têm potencial decente por razões econômicas. O açúcar dá boa sustentação a esse ambiente para a empresa se desalavancar.”

O Virgolino, que produz menos de um quinto do açúcar processado pela líder brasileira Cosan SA Indústria & Comércio, reduziu a relação entre dívida e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, ou Ebitda, de 15,1 em 2008 para 4,7.

Queda na taxa

O rendimento da emissão de US$ 300 milhões em títulos de cupom 10,5 por cento do Virgolino com vencimento em 2018 baixou 46 pontos-base, para 10,04 por cento, desde a colocação dos papéis no mês passado, segundo o Trace. O Barclays prevê que o rendimento vai cair para 9,75 por cento.

Em comparação, a taxa dos papéis da Cosan com vencimento em 2017 subiu 8 pontos-base no mesmo período, para 5,65 por cento. O rendimento do índice do Bank of America que acompanha títulos de mercados emergentes com classificação B ou inferior avançou 7 pontos-base desde 21 de janeiro.

De acordo com Cornel Bruhin, da Clariden Leu AG, o rendimento dos papéis do Virgolino pode recuar para menos de 9 por cento, se houver uma abertura de capital da Copersucar SA, cooperativa da qual o Virgolino é o maior participante.

A Copersucar, que exporta mais açúcar do que a Tailândia, pode emitir ações para acelerar seu plano de investir R$ 1,5 bilhão, disse o presidente do conselho, Luis Roberto Pogetti, em entrevista coletiva em 20 de janeiro. A decisão será tomada no segundo semestre, disse ele.

As assessorias de imprensa do Virgolino e da Copersucar não quiseram fazer comentários.

O faturamento do grupo fundado pelo industrial Virgolino de Oliveira em São Paulo em 1930 aumentou 20,4 por cento nos seis meses até outubro, para R$ 608 milhões, com a alta da libra do açúcar de 13,1 centavos de dólar em 2009 para 31,5 centavos, de acordo com uma apresentação da companhia obtida pela Bloomberg.

Na semana passada, o açúcar chegou ao maior preço em 30 anos de 36 centavos de dólar, em reação aos danos causados pelo mau tempo em plantações no Brasil, o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, na Índia e na Austrália. De acordo com a estimativa mediana de seis analistas sondados pela Bloomberg, a libra cairá para 19,3 centavos até o fim do ano, o que ainda é dobro da média das últimas duas décadas.

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