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Grupo Ultra, Vibra e Raízen: ações de distribuidoras são destaque de alta em dia de operação da PF

Para analistas, empresas do setor ganham participação de mercado com o combate a irregularidades na cadeia do combustível

Operação mira empresas informais, acusadas de lavagem de dinheiro e fraude (SXC.Hu)

Operação mira empresas informais, acusadas de lavagem de dinheiro e fraude (SXC.Hu)

Publicado em 28 de agosto de 2025 às 12h52.

Última atualização em 28 de agosto de 2025 às 13h12.

As ações de distribuidoras de combustíveis aparecem entre as maiores altas do Ibovespa nos negócios desta quinta-feira, 28. O desempenho dos papéis coincide com a realização da operação Carbono Oculto, considerada a maior já realizada contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa com origem em São Paulo.

O alvo é uma rede que movimentou mais de R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024. Segundo as investigações, empresas da cadeia de combustíveis, incluindo distribuidores, refinarias e postos estariam sendo usados para lavagem de dinheiro e fraude.

Na avaliação do Bradesco BBI, a operação aparenta ser a maior já realizada no combate à entrada do crime organizado no setor de distribuição de combustíveis.

"É importante salientar que medidas recentes têm sem mostrado efetivas em recuperar a participação de mercado das empresas formais, como a lista de sanções da RenovaBio, que já conseguiu devolver market share a essas empresas", escreveram os analistas.

"Com essa operação, aliada a medidas de solidariedade tributária em São Paulo e Minas Gerais, além do fortalecimento da ANP [Agência Nacional do Petróleo], esperamos que a batalha contra a informalidade do setor dê mais participação de mercado para as empresas que atuam na formalidade".

De acordo com o Instituto Combustível Legal (ICL), a Operação Carbono Oculto é a mais importante já realizada contra o crime organizado no setor de combustíveis. Além da lavagem de dinheiro e fraude fiscal, as investigações apontam também para crimes ambientais, adulteração de combustíveis e estelionato. Emerson Kapaz, presidente do ICL, alerta para a crescente entrada do crime organizado no setor, que tem causado danos econômicos e sociais significativos.

“O crime organizado tem se infiltrado no setor de combustíveis nos últimos anos e, além de prejuízos econômicos, afeta diretamente a qualidade dos serviços prestados à sociedade. Reforçamos a urgência de uma legislação mais rigorosa para punir devedores contumazes e todos aqueles que busquem brechas para atuar ilegalmente", afirmou Kapaz.

Por volta das 12h40 (horário de Brasília), os papéis da Raízen (RAIZ4) registravam alta de 2,83%, enquanto Ultrapar (UGPA3) subia 7,37%, e a Vibra (VBBR3) avançava 4,79%.

Por sua vez, as ações da Reag Investimentos (REAG3), gestora de recursos alvo da operação, chegaram a cair 20%. 

"Trata-se de procedimento investigativo em curso. A companhia esclarece que, juntamente com as controladas, está colaborando integralmente com as autoridades competentes, fornecendo as informações e documentos solicitados, e permanecerá à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais que se fizerem necessários. A companhia manterá seus acionistas e o mercado informados sobre o desenvolvimento dos assuntos objeto deste fato relevante", diz a íntegra do comunicado da Reag.

A EXAME também procurou as distribuidoras citadas na reportagem. Raízen informou que vai acompanhar a nota do Instituto Combustível Legal. Grupo Ultra e Vibra não se manifestaram até a publicação da reportagem.

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