Casas Bahia: grupo fecha acordo com bancos para alongar e reduzir custo da dívida (Exame/Exame)
Repórter
Publicado em 29 de abril de 2024 às 11h41.
Última atualização em 29 de abril de 2024 às 17h27.
As ações do Grupo Casas Bahia (BHIA3) dispararam no pregão desta segunda-feira, 29, com investidores reagindo positivamente ao acordo de recuperação extrajudicial firmado com o Bradesco e Banco do Brasil, que detêm 66% da dívida total e 55% da dívida a ser reestruturada. Os papéis terminaram o dia com alta de 34,19%, a R$ 7,30.
O plano de recuperação deverá ser votado em até 30 dias após sua apresentação à Justiça, prevista para a próxima semana. A operação requer a aprovação de maioria simples, mas já é dada como certa, tendo em vista que o BB e o Bradesco, com 55% da dívida a ser reestruturada, já deram o aval à recuperação.
O reperfilamento da dívida previsto no acordo garante a Casas Bahia a redução 1,5 ponto percentual no custo médio de dívida, totalizando economia de R$ 60 milhões por ano. A melhora no fluxo de caixa é de R$ 4,3 bilhões em quatro anos, sendo de R$ 1,5 bilhão em 2024. O prazo médio da dívida passou de 22 meses para 72.
A recuperação extrajudicial é mais simples que uma recuperação judicial e envolverá apenas debêntures da Casas Bahia e títulos cláusula de compromisso. Os credores poderão, trimestralmente, converter parte da dívida em ações entre o 18º e o 36º mês após a aprovação do plano de recuperação. O Grupo Casas Bahia tem outros R$ 5 bilhões em dívida em operações de risco-sacado e CDCIs para financiamento de vendas a crédito.
"Diferentemente da recuperação judicial, a recuperação extrajudicial tem alcance limitado, não impactando as demais dívidas da empresa. A recuperação extrajudicial também não tem impacto no relacionamento da empresa com seus fornecedores e clientes e tem duração bem menor. A previsão é que seja concluído em um ou dois meses", afirma o relatório do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME). "A operação já está aprovada, o que mitiga praticamente todos os riscos envolvidos nesse tipo de processo."
Analistas do Safra consideraram a operação positiva para companhia, dado o alívio no fluxo de caixa de curto prazo. Eles ressaltam, porém, que o alongamento da dívida irá aumentar substancialmente o pagamento total de juros, de R$ 971 milhões para R$ 2,397 bilhões, apontam os analistas. "Do lado da empresa, acreditamos que a gestão terá agora a oportunidade [e o tempo] de focar nas alavancas operacionais do turnaround, como o lançamento do FIDC, que a nosso ver deve acontecer em breve e proporcionará à empresa a oportunidade de aumentar as vendas com mais crédito a ser concedido aos clientes", afirma o Safra.