Terça-feira à noite, o grupo BTG valia cerca de R$ 29 bi: ontem, valia pouco mais de R$ 22 bi (Gustavo Kahil/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 27 de novembro de 2015 às 10h16.
São Paulo - Entre a manhã de quarta-feira, 25, quando o banqueiro André Esteves foi preso na Operação Lava Jato, e o fechamento do mercado financeiro na quinta-feira, 26, os papéis do BTG Pactual, listados na BM&FBovespa, registraram uma queda de 23,28%.
O valor de mercado do banco encolheu nesse período em quase R$ 1 bilhão - mais precisamente, R$ 968,8 milhões. A perda do que pode ser chamado de conglomerado BTG, porém, foi muito maior.
Segundo levantamento realizado pela Economática, empresa especializada em sistemas para análise de investimentos, a perda total do BTG foi de R$ 6,7 bilhões nesses dois dias.
Diferentemente de outras empresas, o BTG Pactual não está diretamente listado na bolsa com as tradicionais ações. O banco é representado por units, ativo financeiro que reúne vários tipos de ações, emitidos por um dos braços da instituição, o BTG Participações.
Há outro detalhe. Apenas uma pequena parcela total dessas units do grupo BTG estão na Bovespa - são pouco mais de 808 milhões, de um volume total que passa de 5,6 bilhões. Para chegar ao resultado total, a Economática estimou que todos os papéis teriam o mesmo valor das units negociadas na Bovespa.
Por esse critério, na terça-feira à noite, o grupo BTG valia cerca de R$ 29 bilhões. Ao final do dia de quinta, estava valendo pouco mais de R$ 22 bilhões.
As ações da maior parte dos bancos registrou alta na quinta: Itaú Unibanco (0,88%), Bradesco (2,31%) e Banco do Brasil (2,59%). A reversão, porém, ainda não foi suficiente para cobrir todas as perdas da quarta-feira.
O Itaú Unibanco acumula nos dois dias uma perda de R$ 5,4 bilhões em seu valor de mercado, o Bradesco, de R$ 2,9 bilhões, e o Banco do Brasil, de pouco mais de R$ 2 bilhões.
No total, os bancos brasileiros perderam R$ 13,6 bilhões do valor de mercado após a prisão do banqueiro André Esteves.
Em queda
Ao contrário do que ocorreu com as ações da grande maioria dos demais bancos, as units do BTG seguiram a quinta em retração. Depois de uma forte queda de 21% na quarta-feira, voltaram a cair outros 2,87% no dia seguinte.
A queda foi menor não porque o mercado esteja vendo a empresa com menos preocupação, mas porque o próprio BTG Pactual aprovou um programa de recompra das units para que a instituição possa atuar no mercado e impedir a deterioração no valor neste momento.
Parte da retração reflete a percepção dos analistas de que o futuro do banco é incerto sem o seu principal acionista. Em relatório de mercado, o banco americano Goldman Sachs reforçou essa percepção.
"Nós destacamos anteriormente que um dos principais riscos para o BTG Pactual é a dependência de seu CEO (sigla inglesa de Chief Executive Officer, ou presidente). Ele é o principal executivo, o responsável por conduzir a expansão internacional do banco. Acreditamos que uma ausência prolongada poderia dificultar a capacidade do banco de fazer a gestão de seus ativos", diz o texto do relatório do banco.
Apesar de a investigação permanecer focada em André Esteves e não envolver nenhuma atividade do banco em si, o Goldman Sachs recomendou cautela aos investidores, pois ainda não é possível dimensionar o risco à reputação da instituição.