A Grendene tem a liderança do mercado de calçados com as marcas Ipanema (foto), Melissa, Rider, Grendha, Everlast, Mormai Calçados e Speedo Calçados,mas vê ações despencarem (./Divulgação)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2010 às 14h43.
São Paulo - A Grendene (GRND3), líder no mercado nacional de calçados, está em um dos setores que mais crescem, porém não consegue refletir a euforia dos consumidores brasileiros em resultados para os acionistas. Como reflexo, a corretora BB Investimentos revisou, nesta terça-feira (22), o preço-teórico das ações ordinárias da empresa, reduzindo a estimativa dos papéis de 13,03 reais para 10 reais até dezembro de 2010, mantendo a recomendação em hold (manutenção).
Segundo a corretora, a decisão reflete o erro na política de preços adotada pela empresa no final do ano passado, que congelou os valores de seus produtos sem correspondência equivalente na redução de custos. Com margens apertadas, a reação foi vista nas ações, que já se desvalorizaram 18% desde o começo do ano, ante queda de 4% do Ibovespa, principal índice de ações da BM&FBovespa. O nono preço-teórico implica em um potencial de valorização de 35% em relação ao último pregão, quando o papel fechou negociado a 7,70.
"Os resultados do quarto trimestre trouxeram um desempenho muito negativo, efeito do equívoco na estratégia de fidelização dos clientes", diz Mário Bernardes, analista do setor de consumo e serviços da corretora. Na avaliação de Bernardes, os papéis só devem se recuperar no começo de 2011, com a expectativa de maior arrecadação no lançamento de novas coleções de calçados. "O ritmo de perda de margem deve arrefecer em longo prazo, com a oportunidade de repassar os custos para os preços, gradualmente".
Líder do mercado nacional de calçados e maior exportadora dos produtos, a Grendene deve reverter a crise, aposta o analista. A dianteira garantida da empresa no consumo de sapatos levou a manutenção da recomendação em hold, mesma do último relatório sobre a companhia emitido pela corretora, em dezembro.
"É uma empresa de caixa sólido e boa participação de mercado, num setor que é a vedete do ano no Brasil, o de consumo. A longo prazo, acreditamos nas perspectivas positivas". O Icon, índice que segue as ações de consumo, já subiu 5% em 2010. De acordo com o IBGE, no primeiro quadrimestre deste ano, as vendas do varejo acumularam alta de 11,8% e, nos 12 meses encerrados em abril, crescimento de 8,2%.