Peter Tuchman, operador de pregão, reage enquanto trabalha no pregão durante o sino de abertura da Bolsa de Nova York (TIMOTHY A. CLARY/AFP via/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 19 de agosto de 2022 às 07h12.
Última atualização em 19 de agosto de 2022 às 10h40.
Nada tem ditado mais a direção das bolsas de valores -- para cima ou para baixo -- do que as perspectivas em torno do aperto monetário do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. No comando do maior caixa eletrônico da Terra, seus movimentos tem sido acompanhados de perto por investidores do mundo inteiro.
Mas incertezas sobre os próximos passos têm mantido as bolsas próximas da estabilidade, sem grandes movimentações de apetite ou aversão ao risco. A tão esperada ata da última reunião do Fed, divulgada nesta semana, teve pouco efeito na visibilidade de investidores, que seguem sem saber, nem mesmo, o que esperar para a próxima decisão de juros, em setembro.
As apostas se dividem entre uma alta de mesma magnitude, de 0,75 ponto percentual, ou mais branda, de 0,50 p.p., mas seguem distantes de uma unanimidade. Pelo contrário, dadas as probabilidades implícitas nas curvas de juros, tudo pode acontecer.
Ex-presidente do Fed de Nova York, William Dudley disse que o tamanho do ajuste ainda vai depender dos dados que sairão até o dia da decisão, mas que independentemente do tamanho, será preciso causar "alguma dor" na economia para curar a inflação.
"As pessoas acreditam que o Fed irá controlar a inflação. Mas para isso o Fed precisa fazer seu trabalho. A inflação não vai voltar a 2% de graça", afirmou em participação especial no evento MacroDay, do BTG Pactual.
Apesar de ainda haver esperanças de um "pouso suave" da economia americana, com uma leve redução da atividade econômica e uma eficácia extrema no controle da inflação, parte dos investidores já se prepara para o pior.
As apostas de fundos contra a bolsa americana estão em níveis recordes, segundo cálculo do BNP Paribas divulgado pela CNBC. As posições vendidas no S&P 500 futuro, segundo o banco francês, chegaram a US$ 107 bilhões. O aumento do pessimismo ocorre justamente após o índice se aproximar de sua quinta alta semanal consecutiva, igualando a maior sequência positiva desde novembro.
Mas para alcançar a quinta alta semanal, as bolsas americanas ainda dependem do pregão desta sexta-feira, 19. O movimento desta manhã, no entanto, joga contra. Índices futuros americanos operam em leve queda, enquanto bolsas da Europa seguem sem uma direção definida.
Desempenho dos indicadores às 7h20 (de Brasília):
O destaque negativo do Velho Continente é a bolsa da Alemanha, que recua após dados de inflação terem voltado a surpreender economistas. O Índice de Preço ao Produtor (IPP) alemão, divulgado nesta manhã, saltou, em julho, para níveis estratosféricos de 5,3% frente a 0,6% do mês anterior. Na comparação anual, o IPP foi de 32,7% para 37,2%, estabelecendo um novo recorde. A expectativa era de redução para 32%.
Diante do cenário cada vez mais desafiador da economia global, a brasileira Stone vem atravessando uma tempestade perfeita. Enquanto sua concorrente Cielo acumula mais de 100% de alta na bolsa brasileira, as ações da Stone acumulam cerca de 40% de queda desde o início do ano -- e deve sofrer novas baixas nesta sexta, quando a Nasdaq abrir.
Os papéis da companhia desabam mais de 11% no pré-mercado desta manhã, com investidores reagindo negativamente ao resultado da companhia, que saiu abaixo das expectativas de analistas. A empresa conseguiu reverter o prejuízo do segundo trimestre do ano passado com lucro líquido de R$ 76,5 milhões no mesmo período deste ano. O resultado, no entanto, ficou abaixo do consenso de mercado da Bloomberg, que era de R$ 82,2 milhões.
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