A antiga fabricante brasileira de eletrônicos decidiu entrar no mercado de energia solar no ano passado (Divulgação/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 16 de abril de 2025 às 18h34.
Última atualização em 16 de abril de 2025 às 18h44.
A Procuradoria Geral do Estado do Amazonas (PGE-AM) chegou a um acordo com a Gradiente no valor de R$ 27,7 milhões — ou R$ 30,8 milhões, incluindo as custas processuais, segundo reportagem do Valor.
O pagamento foi realizado no fim de março e teve desconto de 65% sobre multas e juros, o que resultou numa redução de 46% do passivo, estimado em cerca de R$ 56 milhões.
Assim, a Gradiente encerrou definitivamente seu processo de reestruturação iniciado em 2018, com dívida de R$ 976,5 milhões.
O juiz responsável pelo caso havia homologado o fim da recuperação judicial em 2023, mas desde que a Gradiente regularizasse seus débitos tributários. Dessa forma, manteve imóveis bloqueados como garantia - agora poderão ser liberados.
Segundo o procurador-geral do Amazonas, Giordano Bruno Costa da Cruz, as negociações com a Gradiente se estenderam por um ano. A dívida, em sua maior parte, refere-se a ICMS não recolhido entre 2000 e 2010, segundo o Valor.
Nos últimos anos, a Gradiente ficou marcada no noticiário por disputar na Justiça, contra a Apple, o direito de usar o nome iPhone. O STF acabou formando maioria para determinar que a empresa brasileira não tinha direito sobre o nome do smartphone.
Símbolo de eletroeletrônicos no Brasil nas décadas de 1980 e 1990, a Gradiente desde o ano passado está num novo ramo de negócios: o de energia solar para residências e pequenos negócios.
Após encerrar um processo de recuperação que, entre as vias extrajudicial e judicial levou mais de uma década, a empresa está investindo R$ 50 milhões para consolidar um mercado que cresce mais de dois dígitos por ano e é altamente pulverizado no país.
Hoje, das cerca de 57 milhões de casas no Brasil, de acordo com o IBGE, apenas 2 milhões produzem energia solar. São cerca de 20 mil empresas integradoras, que fazem a instalação e o serviços de conexão de rede e manutenção – a maior parte delas formadas por um ou dois empreendedores.
“Ter uma instalação de energia solar é um ganha-ganha para grande parte das residências, mas não tem nenhuma marca de referência fazendo isso hoje no país”, afirma Eugênio Staub, da família fundadora e presidente do conselho de administração.
“A Gradiente sempre foi muito próxima do consumidor final e tem esse recall carinhoso das pessoas com a marca.” (Millenials, como esta repórter que vos escreve, hão de lembrar do ‘Meu Primeiro Gradiente’, o gravador colorido de brinquedo que foi febre de uma geração.)