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Governo prevê leilão de opções de café na próxima semana

Programa que visa sustentar os preços após a commodity ter renovado uma mínima de quatro anos nesta sexta-feira


	Secagem de grãos de café: Brasil anunciou no início do mês que a operação envolverá potencialmente a compra pelo Estado de 3 milhões de sacas de 60 kg
 (Paulo Fridman/Bloomberg)

Secagem de grãos de café: Brasil anunciou no início do mês que a operação envolverá potencialmente a compra pelo Estado de 3 milhões de sacas de 60 kg (Paulo Fridman/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2013 às 19h56.

São Paulo - O governo brasileiro prevê dar início na próxima semana aos leilões de contratos de opção de café, um programa que visa sustentar os preços após a commodity ter renovado uma mínima de quatro anos nesta sexta-feira.

O Brasil, maior produtor e exportador global de café, anunciou no início do mês que a operação envolverá potencialmente a compra pelo Estado de 3 milhões de sacas de 60 kg, mas o mercado ainda aguarda detalhes do programa.

"Está tudo pronto na parte operacional, é só questão de dar o 'start'", afirmou à Reuters o diretor do Departamento do Café, Janio Zeferino da Silva, do Ministério da Agricultura.

Ele confirmou informação publicada mais cedo de que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deverá publicar, na próxima semana, o aviso do leilão de contratos de opções, um procedimento que torna pública as regras da operação.

Embora tenha dito que o primeiro leilão será realizado na próxima semana, Silva evitou apontar uma data, dizendo que isso dependerá das condições do mercado.

"Estamos avaliando com a Conab, a estratégia é rapidamente colocar essas 3 milhões de sacas, precisamos dar sinal para o mercado que o governo tem política e está disposto a bancar a recuperação dos preços", declarou.

Os preços do café no mercado internacional têm caído, de maneira geral, pelas grandes safras colhidas no Brasil em 2013, com colheita em fase final, e em 2012, após preços em máximas históricas em 2011 impulsionarem produtores a capricharem nos tratos culturais, o que elevou as produtividades. Além disso, a safra deste ano contou com um tempo favorável.

Mais recentemente, um dólar forte frente ao real tem pressionado os preços em Nova York, uma vez que tal câmbio incentiva vendas de produtores do Brasil contra os futuros.

O diretor do Departamento do Café disse que o governo já está levantando a demanda junto aos potenciais compradores dos contratos de opções, as cooperativas e os produtores.


"Se a gente identificar que vai ter demanda para um leilão só, faz um leilão só (para 3 milhões de sacas). Vai depender do apetite de produtores e cooperativas... Que vai acontecer (na semana que vem), vai, está tudo resolvido no nosso entendimento." O diretor não descartou a possibilidade de fazer mais de um leilão, reforçando que a quantidade total ofertada no programa (3 milhões de sacas) não muda.

Detalhes dos Leilões

O preço de referência das opções de venda ao governo será de 343 reais por saca, com o exercício em março de 2014, e a Conab ainda pagará um prêmio para o café de maior qualidade entregue, assim como haverá um deságio para os de qualidade inferior.

De posse do contrato de opção adquirido no leilão, o produtor poderá exercer o direito de vender o café ao governo, se o produto no mercado físico estiver abaixo do valor de referência na época do vencimento da opção.

Dessa forma, o governo busca forçar uma alta no mercado de café.

Caso todos os contratos sejam exercidos, o governo deverá desembolsar cerca de 1 bilhão de reais para realizar o mecanismo de apoio aos produtores. E, neste caso, o governo acumularia estoques de 3 milhões de sacas.

No entanto, Silva disse que o governo tem expectativa de que, com a realização do programa de opções, os preços no físico subam até a data do exercício dos contratos, e os produtores possam vender o café ao mercado.

"Trabalhamos com a expectativa de não comprar nenhum saco. Claro, temos os recursos, tem o orçamento, se tiver que exercer, o governo vai comprar. Mas o governo espera que, com a sinalização (do programa), o mercado reaja", afirmou o diretor do Departamento do Café, que assumiu o cargo há dois meses.

Questionado se 3 milhões de sacas não representariam um volume pequeno perto do tamanho da safra anual do Brasil, de quase 50 milhões de sacas na colheita que está se encerrando, o diretor afirmou que não, apontando que o programa visa o produto de maior qualidade.

"O mercado de café se move mais pelas expectativas do que pela realidade; esse movimento significa tirar 3 milhões de sacas de café de qualidade, vai tirar do mercado 30 por cento de café bom." O diretor observou que o governo pagará um prêmio sobre o valor de referência do programa de pouco mais de 10 reais por saca para cafés de melhor qualidade (tipo 4/5) vendidos ao governo. Se o produtor entregar um produto de qualidade inferior, os descontos vão variar de 3,33 a 19,65 por cento (este último para bebida Rio tipo 7).

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