Notas de Yuan e de Dólares: fluxo de saída não deve assustar mercado, já que banco central tem ferramentas para controlar o câmbio (Nelson Ching/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 30 de maio de 2016 às 14h45.
O fim de uma posição temporária ideal para a taxa de câmbio da China – força frente ao dólar e fraqueza frente aos sócios comerciais – vai estimular novos fluxos de saída de capitais, disse o Goldman Sachs/Gao Hua Securities.
Como os EUA elevarão as taxas de juros e a pressão para que a China flexibilize a política monetária está aumentando, os fluxos de saída de dinheiro vão acelerar, disse Song Yu, economista do Goldman Sachs/Gao Hua para a China.
O yuan caiu 1,6 por cento neste mês frente ao dólar, porque as autoridades monetárias estabeleceram a fixação diária da moeda no patamar mais fraco em cinco anos nesta segunda-feira, e subiu 0,2 por cento frente a uma cesta de outras moedas.
O recuo do yuan faz com que investidores e analistas fiquem atentos a qualquer reprise da turbulência desencadeada por uma desvalorização inesperada em agosto, que gerou o valor estimado de US$ 1 trilhão em fluxos anuais de saída de capitais, isto é, a volatilidade que agitou os mercados globais em janeiro.
Desta vez, o crescimento dos fluxos de saída não provocará o mesmo susto porque o Banco Popular da China (PBOC, na sigla em inglês) conta com muitas ferramentas de política econômica para administrar a depreciação, disse Song.
“É provável que o governo recorra ao que fez no segundo semestre do ano passado e no início deste ano, acrescentar restrições e intensificar a regulação dos fluxos de fundos”, disse Song, que trabalha em Pequim, em entrevista no dia 26 de maio.
“No entanto, isso é como o jogo de gato e rato – toda vez que o governo consegue tampar um buraco pelo qual o capital vaza, as pessoas sempre podem cavar outro buraco para tirar o dinheiro depois de um tempo”.
A China vem combatendo os canais ilícitos utilizados para tirar dinheiro do país, com medidas como restringir as aquisições de produtos de seguros no exterior e impedir que amigos e familiares juntem suas cotas anuais de US$ 50.000 para exportar grandes montantes de dinheiro.
Contudo, empresas e poupadores continuam movimentando dinheiro pela fronteira, por exemplo, através de Hong Kong com o que se suspeita que sejam faturas comerciais falsificadas.
Um ressurgimento dos fluxos de capitais tornaria mais caro para as empresas o pagamento de dívidas em dólares, reduziria a disposição dos gerentes globais de fundos a investir no yuan e reacenderia as operações especulativas.
O PBOC consumiu US$ 513 bilhões de suas reservas de moeda estrangeira para sustentar a taxa de câmbio no ano passado, antes que o crescimento da confiança do mercado ajudasse a estimular um aumento modesto das reservas em março e abril.
“O yuan se depreciará gradualmente”, disse Song. “O principal impulsionador do declínio seria um fortalecimento do dólar por causa da expectativa de que o Fed aumentará as taxas de juros. Projetamos dois aumentos das taxas neste ano, um em junho, julho ou setembro, e outro em dezembro”.