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Goldman Sachs vê alta de 45% no lucro e reforça trimestre forte para bancos nos EUA

Banco vê alta em receita de investimentos e reestrutura estratégia ao deixar setor de crédito ao consumidor.

Goldman Sachs: banco apresentou um aumento de 45% no lucro do terceiro trimestre, impulsionado por fusões e aquisções e forte desempenho em trading. (Brendan McDermid/Reuters)

Goldman Sachs: banco apresentou um aumento de 45% no lucro do terceiro trimestre, impulsionado por fusões e aquisções e forte desempenho em trading. (Brendan McDermid/Reuters)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 16 de outubro de 2024 às 07h35.

O Goldman Sachs reportou um crescimento de 45% em seu lucro do terceiro trimestre, sinalizando uma recuperação significativa para o banco de investimentos.

O aumento reflete os benefícios das taxas de juros mais baixas, uma economia estável e o redirecionamento estratégico da empresa para Wall Street, com destaque para suas operações de negociação de ações e banco de investimento. .

O lucro líquido do banco alcançou US$2,99 bilhões (R$ 16,883 bilhões), enquanto a receita subiu 7%, totalizando US$12,7 bilhões (R$ 71,755 bilhões).

Os resultados surpreenderam positivamente o mercado, abrindo espaço para expectativa de condições ainda melhores para os próximos meses. A ação do banco opera no campo positivo no pré-mercado de Nova York nesta quarta-feira e acumula alta de 73% em 12 meses.

Retomada das operações e foco em negócios principais

A receita do banco de investimentos do Goldman foi de US$1,87 bilhões (R$ 10,565 bilhões), um aumento de 20% em relação ao ano anterior, puxado principalmente pelas operações de emissão de dívida e ações. Essa é a terceira alta consecutiva nas receitas de banco de investimentos, após dois anos de resultados predominantemente negativos.

O banco está passando por uma transformação estratégica que inclui o abandono do setor de crédito ao consumidor. Após anos de tentativas de diversificação nesse mercado, o Goldman decidiu focar novamente em suas atividades centrais: fusões e aquisições, trading, e gestão de ativos e patrimônio.

Essa mudança foi impulsionada pelas perdas bilionárias registradas na incursão pelo setor de crédito ao consumidor, que incluíam a parceria de cartões de crédito com a General Motors e a Apple.

David Solomon, CEO do Goldman Sachs, afirmou que há uma demanda reprimida significativa entre os clientes. Com o início do ciclo de corte de juros, ele acredita que a atividade econômica pode aumentar, criando um ambiente mais favorável para negócios. Ele destacou, no entanto, que o volume de fusões ainda está abaixo da média dos últimos dez anos, o que demonstra que ainda há espaço para crescimento.

Crescimento em trading e gestão de ativos

O banco registrou um aumento nas receitas de trading, que atingiram US$6,46 bilhões (R$ 36,439 bilhões), graças ao crescimento no setor de ações e ao aumento dos empréstimos para clientes institucionais. Esse segmento, em particular, tem sido uma prioridade para o Goldman, que vem buscando maior previsibilidade nas receitas através de operações de crédito em sua divisão de trading. O grupo de financiamento FICC, que abrange financiamento de renda fixa, relatou uma receita recorde de US$949 milhões (R$ 5,358 bilhões), representando um crescimento de 30% em relação ao ano anterior.

Na área de gestão de ativos e patrimônio, outro foco estratégico, o banco também apresentou resultados sólidos. A receita subiu 16%, chegando a US$3,75 bilhões (R$ 21,188 bilhões). Dentro dessa divisão, as taxas de administração e outros serviços atingiram um recorde de US$2,62 bilhões (R$ 14,803 bilhões), um aumento de 9% em relação ao ano anterior. Essa área, que atende clientes institucionais e indivíduos com grande patrimônio, tem sido uma das apostas do Goldman para diversificar suas receitas e reduzir a dependência das atividades de banco de investimentos e trading.

Apesar dos resultados positivos, o Goldman Sachs enfrenta desafios. O banco teve que absorver um prejuízo de US$415 milhões (R$ 2,344 bilhões) devido à saída do setor de crédito ao consumidor. Após encerrar a parceria com a General Motors, a última grande operação remanescente é o acordo de cartão de crédito com a Apple, que possui um saldo de cerca de US$17 bilhões (R$ 96,050 bilhões) em créditos. Há temores de que essa transação possa resultar em perdas ainda maiores, de acordo com reportagem do Wall Street Journal.

Além disso, o cenário de fusões e aquisições ainda está longe dos níveis de 2021, quando a política monetária facilitada gerou um volume recorde de operações no mercado de capitais. Em termos globais, o volume de M&A no terceiro trimestre ficou em torno de US$909 bilhões (R$ 5,137 trilhões), um aumento em relação ao ano passado, mas ainda abaixo dos $1,57 trilhões (R$ 8,860 trilhões) registrados no mesmo período em 2021.

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