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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h45.
Genebra - Apesar de acusado de fraude nos Estados Unidos, o Goldman Sachs distribui US$ 5,3 bilhões em bônus a seus executivos no primeiro trimestre e agora será investigado também na Europa. Hoje, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciou que vai pedir a abertura de um processo. Na Alemanha e em outros países europeus, as autoridades também preparam investigações, em um sinal de que a pressão cresce sobre o maior banco de investimentos do mundo.
A empresa está sendo processada por fraude nos Estados Unidos e por ter gerado a perda para clientes de US$ 1 bilhão. Mesmo assim, neste fim de semana, a imprensa inglesa revelou que a empresa indicou que daria bônus de U$ 5,3 bilhões a seus executivos, ampliando a polêmica em relação ao banco. No ano passado, o banco já havia distribuído US$ 15,3 bilhões em bônus.
Brown, em pleno período eleitoral, se diz "chocado" com a atitude da empresa, quer uma investigação também sobre os bônus e acusou o Goldman Sachs de viver uma "falência moral".
Nos Estados Unidos, as autoridades regulatórias abriram na sexta-feira um processo contra o Goldman, acusando de vender produtos que sabia que fracassariam se a bolha no mercado imobiliário explodisse. O banco não teria dito aos investidores que esses produtos haviam sido desenhados por grupos que estavam justamente apostando no fracasso desses papéis.
Entre os maiores compradores desses produtos estavam bancos do Reino Unido e Alemanha. O Royal Bank of Scotland, por exemplo, havia comprado papéis no valor de US$ 841 milhões. Hoje, o banco é controlado pelo Tesouro britânico e o Reino Unido foi obrigado a colocar US$ 70 bilhões para salvá-lo.
Agora, Gordon Brown apela por uma "investigação especial" diante do anúncio da distribuição de bônus, do fato de que o banco já havia sido informado há meses de que seria investigado e diante dos prejuízos gerados aos cofres ingleses. Para ele, a Autoridade de Serviços Financeiros do Reino Unido precisaria lançar a investigação "imediatamente".
Brown ainda quer um processo em cooperação com os americanos. Isso porque a acusação da sexta-feira nos Estados Unidos indicou que um dos vice-presidentes do grupo, Fabrice Tourre de apenas 31 anos, era alvo
central do processo. "Centenas de milhões de libras foram negociadas aqui (em Londres) e parece que pessoas foram enganadas sobre o que ocorreu", apontou Brown. "Esse é provavelmente um dos piores casos que já vimos", disse.
O maior banco de investimentos do mundo se recusou a se pronunciar sobre os comentários de Brown. Mas a realidade é que a onda de investigações promete se proliferar. Na Alemanha, Ulrich Wilhelm, o porta-voz da chanceler Angela Merkel, confirmou que as autoridades regulatórias pediriam informações dos Estados Unidos, com vistas a abrir seu próprio processo.
As autoridades americanas concluíram que o Goldman Sachs teria gerado prejuízos de US$ 150 milhões para o IKB Deutsche Industriebank, a primeira vítima alemã do subprime. O banco teve de receber 10 bilhões de euros do governo de Berlim para ser salvo. "Vamos considerar passos legais", afirmou Wilhelm.
O banco já estava sendo investigado pela UE por ter ajudado a Grécia a esconder sua dívida. "A investigação será profunda e completa", afirmou o comissário de Economia da UE, Olli Rehn, neste fim de semana. Na sexta-feira, o banco afirmou que as denúncias eram "sem fundamento" e que o banco iria "vigorosamente defender sua reputação".
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