Redator na Exame
Publicado em 13 de janeiro de 2025 às 06h32.
Última atualização em 13 de janeiro de 2025 às 06h54.
Impulsionado pelo desempenho robusto da economia dos Estados Unidos e pela possibilidade de novas tarifas comerciais, o dólar deve se valorizar cerca de 5% ao longo de 2025, de acordo com um relatório do Goldman Sachs (GS).
A revisão otimista reflete a força do mercado de trabalho americano, a resistência econômica do país e as potenciais implicações de políticas tarifárias sobre a inflação e as decisões do Federal Reserve (Fed).
O estrategista-chefe do Goldman, Kamakshya Trivedi, explicou que "as tarifas planejadas pelo ex-presidente Donald Trump podem acelerar a inflação e limitar a flexibilização monetária do Fed, criando um cenário favorável para o dólar", segundo a Bloomberg.
Além disso, o relatório destacou que a economia dos EUA segue apresentando crescimento consistente, mesmo diante de taxas de juros elevadas.
Na última sexta-feira, 10, um relatório de empregos surpreendeu positivamente, destacando a capacidade do mercado de trabalho americano de se manter aquecido mesmo em um ambiente de política monetária restritiva. Esse desempenho contribuiu para consolidar o dólar como um ativo de refúgio para investidores globais, impulsionando ainda mais a moeda.
Desde setembro, o índice Bloomberg do dólar já acumulou alta de mais de 8%, superando previsões de enfraquecimento que surgiram após sinais de maior flexibilidade por parte do Fed. Apesar disso, o Goldman Sachs alerta que o avanço contínuo da moeda dependerá do impacto das tarifas nas economias mais sensíveis às taxas de juros, como as emergentes.
A projeção para o euro indica que ele pode cair abaixo da paridade com o dólar nos próximos seis meses, atingindo US$ 0,97 (R$ 5,92), nível não registrado desde 2022. Naquele período, a crise energética na Europa, causada pela guerra na Ucrânia, gerou instabilidade econômica no bloco europeu.
A libra esterlina também enfrenta revisões negativas, com estimativa de queda para US$ 1,22, em comparação ao patamar atual de US$ 1,32 (R$ 8,06). O dólar australiano deve atingir US$ 0,62 (R$ 3,79) em três meses, abaixo da previsão anterior de US$ 0,66 (R$ 4,03).
No cenário asiático, moedas como a rupia indiana e o yuan chinês continuam enfraquecidas. A força dominante do dólar na região reflete uma preferência crescente por ativos americanos diante das incertezas econômicas globais.
Dados da Commodity Futures Trading Commission indicam que investidores e fundos de hedge estão cada vez mais posicionados na alta do dólar, com os níveis de otimismo alcançando o maior patamar desde 2019. Essa tendência reforça a confiança na resiliência econômica dos EUA, mesmo em um contexto de desafios globais.
Contudo, o fortalecimento do dólar traz preocupações, especialmente para economias emergentes que enfrentam aumento nos custos de importação e pressão sobre suas moedas locais. Além disso, a implementação de tarifas comerciais pode impactar negativamente as cadeias globais de fornecimento.