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Goldman e Morgan Stanley esperam temporada de balanços difícil nos EUA

Dólar em alta, obstáculos para as margens e mudanças tributárias são os três principais riscos para a próxima temporada de balanços

Morgan Stanley: mercado começou a ver “rachaduras”, já que algumas empresas vistas como referência reportaram previsões para lucros e vendas abaixo das estimativa (MD Birdy/Getty Images)

Morgan Stanley: mercado começou a ver “rachaduras”, já que algumas empresas vistas como referência reportaram previsões para lucros e vendas abaixo das estimativa (MD Birdy/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 10 de outubro de 2022 às 11h03.

Empresas se preparam para uma dura temporada de balanços em meio à escalada dos riscos macroeconômicos, entre eles a desaceleração da demanda e custos crescentes, segundo estrategistas do Goldman Sachs e Morgan Stanley.

“Fatores como estoque, custos trabalhistas e outras despesas latentes têm causado estragos no fluxo de caixa”, escreveu em nota a equipe do Morgan Stanley liderada por Michael Wilson, um dos estrategistas com visão mais cautelosa em Wall Street.  Segundo ele, o mercado começou a ver “rachaduras”, já que algumas empresas vistas como referência reportaram previsões para lucros e vendas abaixo das estimativas.

Ao mesmo tempo, o dólar em alta, obstáculos para as margens e mudanças tributárias são os três principais riscos para a próxima temporada de balanços, de acordo com outra nota de estrategistas do Goldman.

Historicamente, o dólar mais forte tem sido associado a um menor número de empresas com vendas acima do esperado, escreveram estrategistas liderados por David Kostin em relatório, como foi o caso da Levi Strauss, cujas vendas vieram abaixo das estimativas na semana passada, em parte devido à valorização da moeda americana. A força contínua do dólar “sustentaria o desempenho de ações com 100% de vendas domésticas em relação àquelas com maior proporção de faturamento externo”.

Uma cesta do Goldman que acompanha companhias cujo faturamento é 100% gerado no mercado interno superou o desempenho daquelas que obtêm 71% das receitas fora dos EUA em 2022.

No entanto, todas as empresas enfrentam vários obstáculos neste ano, como acúmulo de estoques, juros altos e demanda em desaceleração, em meio à política de aperto monetário do Federal Reserve. A pesquisa mais recente MLIV Pulse da Bloomberg mostrou que a maioria dos investidores espera que a atual temporada de balanços pressione o índice S&P 500, com referências à inflação e à recessão como principais temas das teleconferências com analistas.

“O excesso de estoques pesará nas margens se o ambiente macro se deteriorar”, escreveram estrategistas do Goldman. Enquanto isso, a Lei de Redução da Inflação, que impõe um imposto mínimo de 15% sobre o lucro contábil corporativo e uma taxa especial de 1% sobre recompras a partir de 2023, também pesará sobre os lucros do S&P 500, disseram.

A equipe do Goldman espera que haja menos surpresas positivas no terceiro trimestre em relação ao primeiro semestre deste ano, com revisões negativas para o quarto trimestre e estimativas de 2023.

“O mercado baixista não terminará até que a deterioração do cenário fundamental seja totalmente descontada”, escreveu Wilson, do Morgan Stanley. O clima de investimento será impactado “quando as empresas jogarem a toalha” ou se houver um choque financeiro externo.

Em outro relatório, Sarah McCarthy e Mark Diver, estrategistas do Sanford C. Bernstein, disseram que ainda esperam perdas para as bolsas dos EUA e da Europa, já que as projeções de lucro e saídas de recursos dos fundos de ações ainda não atingiram um piso.

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