China pode voltar a ser motivo de volatilidade para os mercados | Foto: Thomas Peter/Reuters (Thomas Peter/Reuters)
Guilherme Guilherme
Publicado em 4 de outubro de 2021 às 16h52.
Última atualização em 4 de outubro de 2021 às 17h20.
Após os temores sobre a dívida de 300 bilhões de dólares da Evergrande terem balançado os mercados globais no mês de setembro, uma nova ameaça, desta vez trilionária, pode se tornar motivo de instabilidade nas bolsas do mundo inteiro.
Segundo relatório do Goldman Sachs obtido pela Bloomberg, a “dívida oculta” da China atingiu 8,2 trilhões de dólares em veículos de financiamento do governo local (LGFV, na sigla em inglês).
O instrumento, que não aparece como passivo nos balanços de governos chineses, ajudou o país asiático a manter seu acelerado ritmo de crescimento por anos e a emergir ainda mais forte da crise de 2008, com grandes investimentos em infraestrutura. Mas a conta chegou.
De acordo com o Goldman Sachs, as dívidas em LGFV cresceram 16 trilhões de iuanes desde 2013, chegando a 53 trilhões de iuanes, ou 8,2 trilhões de dólares. O montante é equivalente a 52% do PIB da China.
Da dívida total do LGFV, 40% está concentrada nos setores de construção, transporte e em conglomerados industriais.
O crescimento das dívidas ocultas tem sido motivo de preocupação do próprio governo chinês. Em julho deste ano, o jornal chinês Securities Times informou que o país vinha restringindo os LGFVs para mitigar riscos.
As preocupações sobre a sustentabilidade dos LGFVs ocorrem em meio a dúvidas sobre o nível de crescimento da China, onde dados de atividade econômica vêm decepcionando economistas.
Em relatório liderado pela economista Maggie Wei, a equipe do Goldman Sachs aponta que os LGFVs devem continuar sendo necessários "para apoiar o crescimento econômico". Isso porque as vendas de terrenos - uma das principais fontes de receita dos governos locais - têm diminuído, com a crise da Evergrande.
O relatório, no entanto, aponta que 60% dos títulos emitidos por plataformas locais tiveram como finalidade o pagamento de dívidas com vencimento entre 2020 e 2021, e não novos investimentos.