Mercados

Gol pode favorecer mercado doméstico em uma nova captação

A maior empresa aérea do país pode favorecer o mercado de dívida em 2011 para equilibrar seus compromissos em reais e moeda estrangeira

A Gol captou R$ 600 milhões em setembro com o lançamento de debêntures de cinco anos (Divulgação/EXAME)

A Gol captou R$ 600 milhões em setembro com o lançamento de debêntures de cinco anos (Divulgação/EXAME)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2011 às 11h03.

São Paulo - A Gol Linhas Aéreas Inteligentes SA, maior companhia aérea do País, pode favorecer o mercado doméstico de dívida neste ano para equilibrar seus compromissos em reais e moeda estrangeira, disse o diretor financeiro da empresa, Leonardo Pereira.

“Debêntures nos dão mais flexibilidade para resgatar o título e nos dá melhor balanço entre papéis denominados em moeda estrangeira e em reais”, disse Pereira em entrevista ontem na sede da Bloomberg em São Paulo.

Os gastos em dólar da companhia, incluindo combustíveis e leasing de aeronaves, representam 60 por cento do total, enquanto o restante é em reais, disse Pereira. A moeda brasileira subiu 27 por cento em relação ao dólar nos últimos dois anos, o melhor desempenho entre mercados emergentes acompanhados pela Bloomberg.

A Gol, com sede em São Paulo, captou R$ 600 milhões em setembro com o lançamento de debêntures de cinco anos. Os títulos pagam 118 por cento da variação do Contrato de Depósito Interfinanceiro, ou cerca de 14,03 por cento, com base no CDI de ontem. A companhia também vendeu títulos de 10 anos com taxa de 9,25 por cento no exterior em julho.

As ações da Gol caíram 4,2 por cento para R$ 20,99 ontem, a maior retração em 11 semanas, com o receio que o alto preço do petróleo e o real mais forte possam comprimir suas margens.

‘Mais chance’

“A chance de vendermos debêntures é maior” do que emitir títulos no exterior, disse Pereira.

Companhias brasileiras captaram R$ 2 bilhões em debêntures neste ano, segundo dados do website da Comissão de Valores Mobiliários. Isso se compara a US$ 17,9 bilhões em dívidas que emitiram no exterior em 2011, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Pereira disse que há demanda de investidores por títulos de 12 anos da Gol no exterior, com taxa menor que os 9,25 por cento de seus papéis vencendo em 2010. Segundo ele, o objetivo da companhia é manter uma posição de caixa elevada.

A dívida total da Gol é de R$ 5,6 bilhões, incluindo debêntures e títulos no exterior e contratos de leasing aeronáutico, disse o executivo.


Novo Mercado

A Gol pensa “seriamente” em entrar no Novo Mercado da BM&FBovespa, que reúne empresas com padrões mais elevados de governança, caso o governo eleve o limite de participação estrangeira no capital de empresas aéreas do País, disse ele. O limite pode subir de 20 por cento para 49 por cento, segundo projeto de lei em tramitação no Congresso.

“Na hora que tiver os 49 por cento, vamos pensar seriamente em migrar para o novo mercado”, disse Pereira. “Isso aumenta o valor da empresa, tem mais estrangeiro comprando. No Novo Mercado tem mais liquidez, tem mais gente olhando para você.”

Pereira disse que a Gol rebaixou sua previsão de margens para o ano por conta dos preços elevados do petróleo. Segundo ele, é melhor “dar as más notícias logo” do que alimentar esperanças infundadas de investidores.

A Gol, que registrou lucro líquido ajustado de R$ 110,5 milhões no primeiro trimestre, quase quatro vezes o do mesmo período de 2010, reduziu sua expectativa de margens para este ano de entre 11,5 por cento e 14 por cento para entre 6,5 por cento e 10 por cento. Segundo Pereira, o corte foi motivado totalmente pelo petróleo, uma vez que os combustíveis representam 38 por cento dos custos da companhia.

Acompanhe tudo sobre:Aviaçãocompanhias-aereasDebênturesEmpresasEmpresas brasileirasGol Linhas AéreasMercado financeiroServiçosSetor de transporte

Mais de Mercados

Goldman Sachs rebaixa Azul de compra para neutro e vê incertezas na renegociação de dívida

Ibovespa recua puxado por ações da Vale após minério de ferro tocar mínima em um ano

Mercados abrem a semana com pessimismo na Europa e China no radar

Despesas do governo, repercussão de Fed e Vale (VALE3): o que move o mercado