Mercados

Gol foi a empresa que mais se desvalorizou em 2015

A soma do valor das empresas listadas no índice Ibovespa caiu 12% no acumulado deste ano, para R$ 1,86 trilhão na última sexta-feira

Novo logo da Gol em avião: (Divulgação)

Novo logo da Gol em avião: (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de dezembro de 2015 às 08h24.

São Paulo – A soma do valor das empresas listadas no índice Ibovespa caiu 12% no acumulado deste ano, para R$ 1,86 trilhão na última sexta-feira. Situações particularmente ruins enfrentadas em determinados setores fizeram com que algumas empresas do setor aéreo, de mineração e aço, e de energia registrassem desvalorização ainda maior que a média. A Gol foi a empresa brasileira que mais perdeu valor de mercado em 2015, com uma desvalorização de 76%, de acordo com dados da Economática.

Única aérea listada na bolsa brasileira, a Gol sofre pressões de investidores em meio ao cenário mais adverso para a aviação brasileira nos últimos dez anos. Com cerca de 60% dos custos atrelados ao dólar, como leasing de aeronaves e querosene de aviação, a empresa sofreu um choque de custos com a valorização da moeda americana neste ano, que disparou quase 50%. O resultado foi um prejuízo líquido acumulado de R$ 3,16 bilhões entre janeiro e setembro de 2015.

A segunda maior queda foi registrada pela Bradespar, braço de participação do Bradesco. De acordo com o economista-chefe da Austin Ratin, Alex Agostini, a forte exposição à Vale, empresa da qual é acionista, justifica as perdas. "O setor de mineração não vai bem e a empresa deve arcar com prejuízos por ser acionista da Samarco (empresa responsável por derramar detritos em um acidente ambiental em Mariana (MG)".

Segundo Agostini, a desaceleração da China torna ainda mais grave a situação das mineradoras e siderúrgicas, justificando a presença de Gerdau e Usiminas na lista das empresas que mais se desvalorizaram em 2015. A Medida Provisória 579, que trata d a renovação das concessões das geradoras, foi um desafio adicional para empresas de energia, como Cesp e Cemig. As duas geradoras tiveram de devolver algumas de suas principais usinas para a União. A empresa paulista perdeu dois terços de sua capacidade de geração neste ano e a Cemig deve perder 45%.

Pressão

O cenário adverso de alta no desemprego, por sua vez, torna mais difícil para as administradoras de planos de saúde, como a Qualicorp, aumentarem sua base de usuários em 2016, avalia o analista do Itaú BBA em relatório de dezembro. Além da recessão econômica, a ação da Qualicorp foi pressionada por notícias relacionadas à Operação Acrônimo, da Polícia Federal, que investiga lavagem de dinheiro.

O ano também não foi fácil para as companhias de educação. Desde que o governo deu amostras de que vai alterar pagamentos e reduzir os contratos do Fies, todas as empresas passaram a ser castigadas pelos investidores. A notícia aumenta as incertezas sobre os pagamentos do Fies para 2016.

Rafael Ohmachi, analista da Guide Investimentos, afirma que essa decisão do governo indica que o financiamento estudantil ainda pode ser afetado pelo ajuste fiscal do governo. Esse cenário colocou a carioca Estácio na lista das empresas que mais de desvalorizaram em 2015.

Procuradas, as empresas não comentaram o desempenho negativo na Bolsa.

Acompanhe tudo sobre:AçõesAviaçãocompanhias-aereasEconomáticaEmpresasEmpresas brasileirasGol Linhas AéreasServiçosSetor de transporte

Mais de Mercados

Ibovespa sobe puxado por Petrobras após anúncio de dividendos

Escândalo de suborno nos EUA custa R$ 116 bilhões ao conglomerado Adani

Dividendos bilionários da Petrobras, pacote fiscal e cenário externo: assuntos que movem o mercado

Ação da Netflix tem potencial de subir até 13% com eventos ao vivo, diz BofA