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Gol e Azul negam fusão e rebatem acusação de combinação de preços

Em audiência na Câmara, executivos das duas empresas disseram que possibilidade de combinação de negócios foi considerada na pandemia, mas abandonada posteriormente

Durante a pandemia, a Azul operou algumas rotas de forma conjunta com a Latam, e depois com a Gol (Germano Lüders/Exame)

Durante a pandemia, a Azul operou algumas rotas de forma conjunta com a Latam, e depois com a Gol (Germano Lüders/Exame)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 24 de setembro de 2025 às 11h13.

Representantes das companhias aéreas Gol (GOLL54) e Azul (AZUL4) negaram a fusão das duas empresas em audiência pública na Câmara dos Deputados. Segundo Camilo Coelho, gerente de Relações Institucionais da Azul, a possibilidade foi considerada durante a pandemia, mas descartada após a recuperação do setor aéreo nos últimos três anos.

“A fusão não é um fato, a gente não chegou a submeter formalmente nada ao Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica]. Fizemos um formulário de consulta, um pré-formulário, em outro ambiente, outro cenário, em um outro momento das empresas que já passou, já não está mais aí. O foco da Azul agora é terminar sua recuperação judicial”, disse Coelho.

O assessor da presidência da Gol, Alberto Fajerman, também admitiu conversas para a fusão das duas companhias devido às dificuldades financeiras depois da pandemia, assegurando em seguida que a ideia já foi completamente abandonada.

A Gol entrou em recuperação judicial no ano passado, mas concluiu o processo em junho.

Combinação de preço entre Gol, Azul e Latam

Os participantes da audiência pública também debateram suspeitas de combinação de preços de passagens aéreas entre as três principais empresas que atuam no mercado brasileiro — Gol, Azul e Latam.

Segundo o presidente do Cade, Gustavo Augusto Freitas de Lima, existe um processo em curso no conselho para analisar as denúncias. Ele afirmou que, embora ainda não se possa chegar a nenhuma conclusão, há indícios que apontam a possibilidade de combinação de preços entre as empresas.

“As projeções indicam que estamos tendo o aumento de passageiros, são muito positivas, ou seja, seria uma época em que as empresas estariam investindo e ampliando. E nós estamos vendo o movimento contrário, ou seja, uma diminuição do número de voos. Isso chama a atenção. Os dados ainda não são 100% conclusivos, mas os dados que temos até agora indicam problemas de rivalidade”, disse o presidente Freitas de Lima.

Durante a pandemia, a Azul operou algumas rotas de forma conjunta com a Latam, e depois com a Gol, como explicou Coelho. O executivo argumentou que essa operação conjunta não reduziu a concorrência, porque não eram trechos compartilhados anteriormente pelas empresas.

Pesquisa apresentada pela presidente do Instituto Brasileiro de Concorrência e Inovação, Juliana Oliveira Domingues, no entanto, mostrou um cenário diferente. De acordo com a especialista, que também é professora da Universidade de São Paulo (USP), devido à operação conjunta com a Gol, a Azul reduziu o número de rotas e houve um aumento médio de 23% no preço das passagens.

Segundo Camilo Coelho, entretanto, a redução de rotas ocorreu para cortar custos quando a Azul entrou em recuperação judicial, em julho deste ano.

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) afirmou haver um grau de insatisfação muito grande com os serviços aéreos no Brasil por um conjunto de fatores que devem ser devidamente identificados.

Segundo o diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor da Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor (Senacon), Vitor Hugo do Amaral Ferreira, de 2023 a agosto de 2025 a plataforma consumidor.gov.br recebeu mais de 240 mil reclamações fundamentadas contra as empresas aéreas.

(com informações da Agência Câmara)

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