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Gestoras querem uma definição global de "investimento sustentável"

Faltam definições globais que facilitem a identificação do que comprar em mercados emergentes

Há um déficit de até US$ 4 trilhões por ano em investimentos necessários para ajudar a resolver problemas relacionados às mudanças climáticas. (Witthaya Prasongsin/Getty Images)

Há um déficit de até US$ 4 trilhões por ano em investimentos necessários para ajudar a resolver problemas relacionados às mudanças climáticas. (Witthaya Prasongsin/Getty Images)

TL

Tais Laporta

Publicado em 24 de novembro de 2019 às 08h30.

Última atualização em 24 de novembro de 2019 às 09h30.

Grandes gestoras de recursos, como BlackRock e Amundi Asset Management, enfrentam um obstáculo diante do objetivo de colocar mais dinheiro em investimentos sustentáveis em mercados emergentes: a falta de definições globais que facilitem a identificação do que comprar.

Há um déficit de até US$ 4 trilhões por ano em investimentos necessários para ajudar a resolver problemas relacionados às mudanças climáticas, segundo estimativas das Nações Unidas. A falta de padrões comuns dificulta a solução desse déficit, dizem gestores de fundos, que também apontam a falta de dados sobre emissões de carbono e a colaboração inadequada entre reguladores em todo o mundo.

Muitos gestores de recursos fazem mudanças em suas carteiras para que critérios de sustentabilidade se tornem parte essencial de suas estratégias. Os desafios são enormes, mesmo sem os problemas causados por definições globais inconsistentes. Desentendimentos sobre como administrar investimentos responsáveis levaram à saída de 11 pessoas da NN Investment Partners, uma gestora de recursos holandesa com US$ 313 bilhões em ativos.

“O capital precisa chegar onde é realmente necessário”, disse Stanislas Pottier, diretor de investimento responsável da Amundi Asset Management, à margem de uma conferência em Cingapura na semana passada. Às vezes, grandes gestoras de recursos enfrentam dificuldades para investir em ativos de mercados emergentes devido a rígidas restrições do perfil de risco, falta de uma definição padrão do que é “verde”, dados e comunicações inadequados.

A liberação de mais capital permitiria às economias emergentes, muitas das quais estão na Ásia, acessarem fundos para a construção de hospitais, estradas e escolas, bem como para buscar fontes de energia mais ecológicas.

“O problema é que esse capital é incapaz de chegar aos mercados emergentes, principalmente por causa de definições, dados e, o mais importante, pela incompatibilidade da necessidade de investimento”, disse Daniel Klier, chefe de finanças sustentáveis do HSBC Holdings, o maior subscritor de títulos verdes, sociais e de sustentabilidade este ano. “Cerca de dois terços dos investimentos necessários a cada ano precisam ir para mercados emergentes”, mas uma parcela de apenas 20% está sendo destinada para essas regiões.

Para facilitar o fluxo de fundos bloqueados, muitos participantes do mercado dizem que os chamados títulos de transição podem ajudar a desenvolver investimentos responsáveis, principalmente na Ásia. Esse tipo de dívida permitiria que as empresas optassem por energia mais limpa para acessar capital e forneceria uma gama mais ampla de potenciais investimentos.

Os títulos de transição oferecem um trampolim para emissores que podem não estar prontos para vender dívida verde ou sustentável.

“Temos fundos de pensão globais de longo prazo e precisamos facilitar seu fluxo para mercados emergentes por meio de novos instrumentos que apoiam metas sustentáveis”, disse Geraldine Buckingham, chefe da região Ásia-Pacífico da BlackRock. “Precisamos que os reguladores colaborem globalmente, pois esse é um desafio global.”

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