Dólar: os saques superaram os depósitos em US$ 4,2 bilhões (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2015 às 09h27.
Londres - Uma das maiores gestoras internacionais especializadas em mercados emergentes sentiu o baque da crescente desconfiança com economias em desenvolvimento. Nos últimos três meses de 2014, a inglesa Ashmore amargou queda de 10,7% no total de recursos administrados.
Além dos saques, os ativos que compõem a carteira perderam valor, o que potencializou a redução. Apesar do tombo, os gestores afirmam que os mercados emergentes apresentam "atraentes oportunidades".
Os últimos 90 dias do ano passado foram ruins para a Ashmore. Diante de sinais cada vez mais frequentes de desaceleração na China, crise geopolítica na Rússia, estagnação no Brasil e fortalecimento do dólar nos Estados Unidos, a gestora viu o volume de recursos sob sua administração nos mercados emergentes cair em US$ 7,6 bilhões desde o fim de setembro, para US$ 63,7 bilhões em 31 de dezembro de 2014.
"O resultado foi predominantemente gerado pela forte venda nos mercados no início de dezembro, o que particularmente afetou o segmento em moeda local", explica a gestora em comunicado.
"A queda das commodities, a alta do dólar e o aumento da volatilidade prejudicaram os mercados emergentes no trimestre", diz o chefe executivo da Ashmore, Mark Coombs, ao comentar que o quadro gerou queda dos ativos das economias em desenvolvimento, aumento da aposta de alta do juro nos Estados Unidos e subida do dólar.
Saques
O balanço da Ashmore mostra que os saques superaram os depósitos em US$ 4,2 bilhões nos 90 dias. Para piorar a situação, os ativos que compõem os fundos administrados pela gestora amargaram desvalorização de US$ 2,8 bilhões.
Ou seja, além de o montante aplicado pelos clientes ter diminuído após as retiradas, o dinheiro remanescente perdeu valor porque os investimentos caíram de preço.
Gestores da Ashmore atuam em vários segmentos nos mercados emergentes. Entre os principais, os investimentos em dívida externa, dívida corporativa e multimercados terminaram o trimestre com prejuízo.
Ou seja, rendimento negativo das carteiras. Entre os demais setores, ações, câmbio e operações no segmento imobiliário e de infraestrutura terminaram com resultado estável.
Apesar do tombo visto nos últimos meses, a gestora reafirma a aposta nos emergentes. Mark Coombs argumenta que os fundamentos "permanecem sólidos e incertezas, como os ciclos eleitorais, diminuíram".
"Portanto, como acontece normalmente após uma sequência de queda acentuada e generalizada, os mercados emergentes oferecem oportunidades muito atraentes de retorno de curto prazo", diz o executivo.
As maiores oportunidades, diz, aparecem nos investimentos em carteiras que compram títulos de dívida em várias moedas, papéis em moeda local e ações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.