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Gestor ataca argumento de que Herbalife seria pirâmide

Em entrevista, gestor australiano que tem ações da Herbalife desconstrói críticas contra a empresa feitas pelo investidor Bill Ackman


	Campanha da Herbalife: empresa é lucrativa e tem bom fluxo de caixa, diz gestor australiano
 (Caio Mello / Boa Forma)

Campanha da Herbalife: empresa é lucrativa e tem bom fluxo de caixa, diz gestor australiano (Caio Mello / Boa Forma)

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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2013 às 09h08.

São Paulo – Em entrevista à emissora americana CNBC, o gestor australiano John Hempton defendeu as ações da Herbalife (HLF) nesta sexta-feira, rebatendo as críticas do investidor Bill Ackman, que classificou o modelo de negócios da empresa de suplementos nutricionais como pirâmide.

Hempton declarou que concorda com Ackman em relação à Herbalife em vários quesitos, mas disse que a empresa é lucrativa, tem fluxo de caixa positivo e vai recomprar as próprias ações à medida que os investidores se desfazem delas.

Recentemente, o investidor Bill Ackman, da gestora Pershing Square Capital Management, fez uma apresentação de três horas com 334 slides para investidores tentando provar que o negócio da Herbalife deve ser classificado como “esquema de pirâmide” e que por essa razão a empresa estaria fadada a falência – Ackman estipulou, inclusive, o preço-alvo para os papéis em zero. Após a apresentação, os papéis caíram 30% na NYSE, a Bolsa de Nova York.

Acontece que Ackman opera vendido em ações da Herbalife, o que significa, no jargão do mercado, que ele ganha dinheiro quando o preço das ações cai. John Hempton, por outro lado, está comprado nessas ações, embora comumente opere vendido. Ou seja, apenas ganha se as ações subirem.

Ele diz concordar com Ackman que a Herbalife “basicamente arranca dinheiro de distribuidores e pessoas no fim da cadeia”, uma vez que seus produtos custam quase o dobro de seus similares nos Estados Unidos.

“Eu chamei a Herbalife de ‘escória’ [que poderia ser uma tradução livre para o termo usado em inglês ‘scumbags’]”, diz Hempton em seu blog Bronte Capital, onde rememorou, neste sábado, a entrevista à CNBC. “Mas eles são escória trabalhando para investidores no mercado de ações”, completa, comparando a Herbalife às companhias de cigarro, que embora matem 5 milhões de pessoas no mundo todos os anos, seria tolo achar que o governo iria fechá-las por isso.

A Herbalife usa o modelo de marketing de rede ou multiníveis, de venda de produtos no boca a boca. Os vendedores precisam comprar um kit para entrar no negócio e passar a vender os produtos da marca diretamente para os clientes. Mas eles ganham não apenas com a venda de seus próprios produtos, como também com as vendas de outros distribuidores recrutados por eles.

Ackman tentou provar, em sua apresentação, que as receitas dos vendedores vinham principalmente do recrutamento, e não das próprias vendas, o que caracterizaria o esquema fraudulento de pirâmide.

“Bill Ackman está vendido em uma companhia lucrativa”, continua Hempton no blog. O gestor sustenta que Ackman está errado e que nem sempre o governo - na figura da Securities and Exchange Comission (SEC), o órgão regulador dos mercados financeiros americanos – age quando uma denúncia de fraude é feita.

Um dos argumentos de Hempton não apresentados na entrevista, mas sim no blog, é a defesa do modelo de marketing de rede usado por empresas como Herbalife e Avon. E afirma que a Herbalife tem muita capacidade de recomprar ações, uma vez que seu fluxo de caixa é “muito positivo”.

“Quanto mais ações eles recomprarem, melhor para os acionistas restantes. Eu devo acabar me tornando um desses acionistas. Então eu espero que eles recomprem uma quantidade enorme de ações – e a forma mais fácil de fazer isso é quando a ação está barata – isto é, agora”, finaliza Hempton em seu post.

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