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Da Redação
Publicado em 1 de fevereiro de 2016 às 21h36.
Alistair Owen gasta a maior parte de seu salário no que ele chama de fundo de viagens e estilo de vida.
“Eu não estou economizando para comprar nada”, disse o engenheiro de 28 anos, que divide um apartamento alugado com dois colegas no sul de Londres.
“Eu prefiro sair para jantar em um lugar legal, pagar uma rodada no bar ou explorar uma nova área do mundo. Eu sinto que estaria desperdiçando a vida se escolhesse ter coisas ao invés de fazer isso”.
O mercado de ações está começando a refletir as prioridades dele e as de sua geração – a geração Y, dos nascidos entre 1980 e 2000. As ações na bolsa relacionadas a viagens e lazer, incluindo bares, companhias aéreas e pizzarias, superaram as das lojas desde que a confiança do consumidor foi abalada com a crise financeira.
Para os índices americanos e europeus que acompanham as indústrias, o desempenho alcançou o topo desde, pelo menos, 2011.
“As experiências ajudam os membros da geração Y a moldar sua identidade e criar memórias em um nível mais alto do que o das gerações mais velhas”, disse Sarbjit Nahal, chefe de investimento temático do Bank of America, em Londres.
“Você vai querer olhar para empresas focadas em eventos de esportes ao vivo, festivais, jogos on-line, economia compartilhada, viagem e até streaming de música – todas essas são experiências que os membro da geração Y podem compartilhar com os amigos”.
Um estudo feito pela empresa de pesquisa de mercado Harris Poll e pela Eventbrite Inc., um espaço on-line para venda de ingressos, mostrou que 78 por cento dos membros da geração Y prefeririam pagar por uma experiência a pagar por bens materiais. Isso se compara com 59 por cento dos baby boomers. Cerca de 82 por cento dos membros da geração Y disseram ter ido a um evento ao vivo nos últimos 12 meses – shows e festivais – e 72 por cento disseram planejar aumentar os gastos com esses programas.
Alternativas de vida
Andrew Oswald, professor de economia na Universidade de Warwick em Coventry, na Grã-Bretanha, diz que os consumidores jovens de hoje sentem que já têm o suficiente. Com os seus desejos materiais quase totalmente realizados, os membros da geração Y precisam de rotas alternativas para a satisfação, diz ele, referindo-se à pesquisa de Thomas Gilovich, professor de psicologia na Universidade Cornell.
Reforçando o ponto de vista do professor, os comerciantes não estão colhendo os benefícios de todo o dinheiro extra que os consumidores deveriam canalizar por causa dos baixos preços dos combustíveis.
Os últimos dados de vendas no varejo não atingiram as projeções no Reino Unido, Estados Unidos e na zona do euro. As cadeias de Macy’s a Best Buy informaram queda de vendas nas festas de fim de ano.
Por outro lado, as vendas em empresas com a operadora de pubs Greene King foram fortes. As companhias aéreas de baixo custo Ryanair Holdings e EasyJet subiram quase sete vezes desde os baixos níveis da época de crise.
A avaliação de US$ 25,5 bilhões da Airbnb é maior do que a da Macy’s e da Best Buy combinadas. Os investidores em breve poderão comprar um fundo negociado em bolsa focado nos membros da geração Y que incluirá empresas envolvidas em mídias sociais, comércio eletrônico, tecnologia móvel, estilos de vida saudável, viagem, lazer e economia compartilhada, de acordo com seu prospecto de 11 de dezembro.
Dificuldade para economizar
Um sacrifício para toda essa diversão: economizar. Com os salários encolhendo, somente 34 por cento dos membros da geração Y em todo o mundo disseram que guardaram dinheiro suficiente todos os meses, segundo a pesquisa Global Geracional de Estilos de Vida 2015 da Nielsen.
Eles também não estão tão interessados em alocar fundos para adquirir os sonhos de consumo dos pais. Comprar um carro era uma prioridade para somente 15 por cento dos membros da geração Y em uma pesquisa do Goldman Sachs Group citada em um relatório de 2015. O número foi o mesmo para comprar uma televisão e apenas 10 por cento para comprar um casaco de luxo.
Mesmo com algum dinheiro da venda do apartamento que ela comprou com seu, agora, ex-marido, a última coisa na cabeça de Selina Mathews era voltar a comprar uma propriedade. Ela divide um apartamento em Londres com duas amigas e janta fora regularmente – os dados da Nielsen mostram que seis em cada 10 membros da geração Y comem fora pelo menos uma vez por semana, duas vezes a porcentagem dos baby boomers.
"Eu não guardo muito do meu salário mensal", disse Mathews, que trabalha no pregão em um banco de investimento americano. É hora de receber os bônus e ela está planejando viagens para Filipinas e Japão.
“Eu prefiro alugar um quarto legal, explorar o mundo, me divertir com meus amigos e aproveitar a vida a ter um monte de coisas. Há um elemento de liberdade nisso”.