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Gavekal: entenda por que não é hora de comprar bonds

Charles Gave, fundador da casa de análise, argumenta que rendimento do título de 10 anos está abaixo da tendência histórica

Wall Street, coração financeiro de Nova York (Alexander Spatari/Getty Images)

Wall Street, coração financeiro de Nova York (Alexander Spatari/Getty Images)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 27 de dezembro de 2023 às 09h16.

Apesar do rali recente, os rendimentos dos títulos do mercado americano (bonds) estão longe da média histórica. E sendo assim, a tendência aponta mais favorável para venda do que para compra. Essa é a avaliação de Charles Gave, fundador da casa de análise Gavekal Research.

Gave argumenta que o mercado de títulos não está sobrevendido. Em jargão de mercado, quando um ativo está sobrevendido isso significa que passou por um processo intenso ou prolongado de desvalorização e que está perto do ponto de virada, ou seja, de reverter a queda e começar a subir. 

E ao contrário do que pensa parte do mercado, o mercado de bonds não está neste ponto. Segundo Gave, o rendimento dos títulos de 10 anos dos EUA está muito abaixo de sua tendência histórica.

“O rendimento dos títulos de 10 anos está num nível semelhante ao de outubro de 2022, mas em vez de estar no meio do intervalo de negociação do modelo – e, portanto, apontar para uma situação sobrevendido – o rendimento é agora quase dois desvios padrão muito abaixo. Como resultado, o mercado de títulos dos EUA já não pode ser considerado sobrevendido”, afirma Gave em relatório.

O fundador da Gavekal aponta duas razões para isso. A primeira envolve a “regra de ouro” expressa pelo economista francês Maurice Allais ou Knut Wicksel, segundo a qual os rendimentos de títulos longos sempre convergem à taxa de crescimento estrutural da economia. Sob esse prisma, o rendimento dos bonds ainda está 150 pontos-base abaixo do que poderia.

O segundo ponto de atenção são as taxas curtas. “Se essas taxas caíssem de seus níveis atuais para, digamos, 2,5%, mantendo-se todo o resto igual, o nível ditado pelo modelo para os rendimentos dos títulos de 10 anos do tesouro seria reduzido para cerca de 4,3%. Isto implica que o mercado acredita com plena convicção que as taxas curtas irão cair para 2,5%. Contudo, se, por qualquer outra razão, as taxas curtas fossem subitamente consideradas improváveis de cair, o mercado de títulos do Tesouro dos EUA provavelmente entraria em colapso”, escreve Gave.

Com isso no radar, a Gavekal não recomenda o investimento em títulos americanos. “Neste cenário, recomendo bonds apenas se o rendimento que oferecem estiver significativamente acima do nível sugerido pelo meu modelo”, conclui.

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