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Da Redação
Publicado em 14 de março de 2011 às 18h53.
São Paulo - O gás natural subiu em todo o mundo com as especulações de que o Japão terá que aumentar as compras do combustível, elevando a concorrência com o gás natural liquefeito, ou GNL, depois que o pior terremoto da história do país paralisou 11 reatores nucleares.
O gás para entrega no próximo inverno no Reino Unido, maior consumidor da Europa, chegou a subir 7,4 por cento. O contrato de gás para abril nos Estados Unidos subiu 2,9 por cento, para US$ 4,002 por milhão de BTUs em Nova York.
“O risco prolongado de falta de energia nuclear pode desviar cargas de GNL para o Japão no mercado à vista e pressionar a oferta de GNL”, disseram analistas do Barclays Plc em Londres, incluindo Kerri Maddock, em nota a clientes hoje.
O terremoto e o tsunami de 11 de março, que deixaram 1,3 milhão de pessoas sem eletricidade, vão exigir que a segunda maior economia da Ásia busque fontes alternativas de energia. Isso deve elevar os preços por conta da concorrência com outras nações que importam energia no mercado à vista. O Japão é o quarto maior consumidor de GNL no mundo, tendo respondido por cerca de 35 por cento do comércio global em 2009, segundo dados da BP Plc. O Reino Unido é, entre os principais consumidores europeus, o que tem expansão mais rápida na demanda à medida que depende cada vez mais de navios-tanque de gás para compensar a redução na produção dos campos do Mar do Norte.
O gás para entrega no mês que vem no Reino Unido está 24 por cento abaixo do nível recorde de alta, atingido em outubro de 2008, antes que a recessão global derrubasse a demanda industrial do combustível. Os futuros de gás nos EUA para entrega no estado de Louisiana caíram 70 por cento em relação ao pico de julho de 2008, após a entrada em produção de novas reservas de gás de xisto terem elevado a oferta doméstica.
Evitar um vazamento nuclear
O suporte para os preços do gás nos EUA devem ter “vida curta uma vez que o mercado dos EUA não é um comprador competitivo de cargas à vista”, disse o Barclays.
Engenheiros lutam para evitar um vazamento nuclear após uma segunda explosão numa usina atômica ao norte de Tóquio. A explosão, que não rompeu o reator número 3 da usina Dai-Ichi, em Fukushima, não levou a uma liberação grande de radiação e se seguiu a um aumento na presença de gás hidrogênio, disse o secretário-chefe do gabinete japonês, Yukio Edano, em Tóquio. O risco de um grande vazamento é muito pequeno, disse ele.
As ações japonesas tiveram a maior queda em mais de dois anos após empresas como as montadoras Toyota Motor Corp. e Honda Motor Co. terem suspendido a produção em várias fábricas.
“O Japão pode precisar de mais GNL, mas quando você vê as fotos, a questão é qual será o impacto sobre a demanda?”, disse Jean-Marie Dauger, vice-presidente-executivo global de gás e GNL da GDF Suez SA, em entrevista hoje de Londres.