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Gás de cozinha mais barato? Preços podem cair com volta de Petrobras à distribuição

Estatal, no entanto, afirma que não tem nenhum plano imediato para voltar ao setor; magnitude da redução também seria incerta – e dependeria de quanto a Petrobras estaria disposta a abrir mão de rentabilidade

Gás de cozinha: volta de Petrobras para distribuição pode baratear valores (Marcello Casal/Agência Brasil)

Gás de cozinha: volta de Petrobras para distribuição pode baratear valores (Marcello Casal/Agência Brasil)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 8 de agosto de 2025 às 16h44.

Última atualização em 8 de agosto de 2025 às 17h26.

O gás de cozinha, utilizado por milhões de brasileiros, pode, em breve, ter seu preço reduzido, afirmam especialistas. Isso porque a Petrobras (PETR4) informou que irá voltar para a distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP) – o gás de cozinha.

Por ser um grande player no mercado, ela consegue competir com margens mais baixas ou um custo mais baixo. “A Petrobras já é price maker, ou seja, ela é formadora de preço, inclusive de forma artificial para menos – ou para mais”, explica Betina Moura, especialista de gás natural da Argus.

João Daronco, analista da Suno Research, também acrescenta que parece haver interesse político da Petrobras repassar essa queda nos custos para o consumidor final e isso também poderia baratear o preço do gás de cozinha.

“Só que não é possível prever o quão mais barato vai ficar por vários aspectos, isso é uma questão muito mercadológica, vai depender de região para região”, explica.

Evandro Buccini, sócio e diretor de crédito da Rio Bravo investimentos, corrobora a ideia: como é um mercado que não tem muitos players, a entrada de mais um tende a aumentar a competição e pode, talvez, baixar o preço.

“Agora, não espero que seja por algum comportamento não racional da Petrobras, porque ela é uma empresa mista, tem a política de preços e não pode sair jogando valores para baixo e gerando prejuízo”, disse, enfatizando que acha que o impacto não será tão drástico.

Volta para a distribuição

A decisão foi aprovada pelo conselho de administração e será incorporada aos elementos do Plano Estratégico da companhia. Agora, a empresa define como diretriz “atuar em negócios rentáveis e de parcerias nas atividades de distribuição, observadas as disposições contratuais vigentes”.

A medida marca o retorno da estatal a um segmento que havia deixado em 2020, quando vendeu a Liquigás para dois grupos concorrentes, a Copagaz e a Itaúsa, em parceria com a Nacional Gás Butano. Com essa nova frente de atuação, a Petrobras pode, em teoria, retomar as vendas diretas ao consumidor.

Entretanto, em teleconferência com analistas sobre os resultados do segundo trimestre de 2025, Magda Chambriard, CEO da companhia, afirmou: “Não temos nenhum projeto de distribuição de GLP na carteira da Petrobras.”

“Mas queríamos garantir que as portas estivessem abertas para uma eventual possibilidade, caso surja algum projeto bom, rentável e em linha com o que a Petrobras está buscando.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem defendido publicamente a retomada da Petrobras nesse mercado, alegando que a presença da estatal pode ampliar a concorrência e garantir preços mais justos.

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