Mercados

Gafisa recua mostrando que Calciolari não acalmou mercado

A queda “exagerada” pode ser resultado de receios dos investidores em relação aos custos de financiamento maiores que o esperado

Ontem, o papel despencou 13 por cento, a maior queda em três anos (Germano Luders)

Ontem, o papel despencou 13 por cento, a maior queda em três anos (Germano Luders)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2011 às 14h09.

São Paulo - A Gafisa SA, quarta maior construtora do País em receita, recuava pelo segundo dia consecutiva após o presidente, Alceu Duilio Calciolari, não conseguir acalmar o receio de que a companhia enfrenta problemas de financiamento diante da queda de lucro.

A ação chegou a cair 7,5 por cento hoje, e recuava 1,8 por cento para R$ 4,35 às 12:50, menor cotação desde março de 2009. Ontem, o papel despencou 13 por cento, a maior queda em três anos.

A queda “exagerada” pode ser resultado de receios dos investidores em relação aos custos de financiamento maiores que o esperado em uma venda de notas promissórias, disse Calciolari ontem em entrevista por telefone. A Gafisa vai emitir R$ 230 milhões dos papéis em duas séries com prazo de 360 dias, a primeira a 126 por cento da taxa média diária de juros dos Depósitos Interfinanceiros e a segunda, a 125 por cento, de acordo com um comunicado enviado ao mercado em 5 de dezembro.

Só quem está “pedindo socorro” concordaria com essa taxa “salgadíssima”, disse hoje Pedro Galdi, estrategista-chefe da SLW Corretora, em entrevista por telefone. “Onde a Gafisa vai aplicar esse dinheiro para ter um retorno acima dessa taxa?”

Liderando as quedas

A Gafisa acumula uma perda de 65 por cento no ano, a maior entre os 20 membros do índice BM&FBovespa Real Estate, que caiu 28 por cento no mesmo período. O lucro da companhia recuou 60 por cento no terceiro trimestre na comparação anual com a elevação dos custos da Construtora Tenda SA.

Os receios em torno da capacidade da Gafisa de conduzir um plano para reduzir o negócio de baixa renda na Tenda e focar mais na unidade de alta renda Alphaville Urbanismo SA podem também estar influenciando as quedas, disse o executivo.


“Apesar de comentários do presidente, acreditamos que a Gafisa ainda enfrenta problemas internos em meio a um cenário de desaceleração do crescimento”, disse o Banco BTG Pactual SA em nota enviada a clientes por e-mail.

O Produto Interno Bruto do País deve crescer 2,9 por cento neste ano, segundo a pesquisa Focus do Banco Central publicada ontem.

Apesar de a Gafisa dizer no comunicado, divulgado ontem após a entrevista com Calciolari, que os recursos obtidos com a venda das notas promissórias serão usados como capital de giro, para “usos gerais”, o executivo disse que pretende usá-los como empréstimo-ponte de um plano “estratégico”, que terá andamento nos próximos quatro meses. A companhia não está usando a venda para melhorar seu fluxo de caixa ou refinanciar dívida, já que possui R$ 800 milhões em caixa, disse Calciolari.

“Toda a história triste da Tenda é uma história super feliz na Alphaville”, disse Rodrigo Osmo, presidente da Tenda e ex-diretor financeiro da Gafisa, em entrevista por telefone em 15 de dezembro. “A perspectiva pra frente é de geração de caixa.”

Acompanhe tudo sobre:AçõesConstrução civilEmpresasGafisaIndústriaIndústrias em geral

Mais de Mercados

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

Petrobras anuncia volta ao setor de etanol