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Futuro incerto: Empresas dos EUA suspendem guidance em meio a caos tarifário

Logitech, Delta e Walmart abandonam prática de sinalizar expectativas de resultados para o ano; JPMorgan vê tendência de cortes nas estimativas de lucro do S&P 500

 (Delta/Divulgação)

(Delta/Divulgação)

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 11 de abril de 2025 às 15h13.

O que vai acontecer aqui até o fim do ano? Esta é sempre uma pergunta muito difícil de responder. Mas algumas empresas com modelos de negócios mais estáveis costumam passar suas projeções para guiar os investidores – o famoso "guidance"

Diante das incertezas praticamente sem precedentes causadas pelas tarifas de Donald Trump, várias delas estão abandonando a prática nos Estados Unidos.

A Logitech foi a mais recente companhia americana a retirar seu guidance financeiro anual, citando a incerteza em torno do ambiente tarifário global.

A fabricante de acessórios de computador como teclados, webcams e mouses anunciou na quinta-feira, 10, que suspendeu a sua projeção para o ano fiscal de 2026.

A medida reflete um movimento mais amplo no mercado. A Delta Air Lines já havia cancelado sua projeção para 2025, e o Walmart alertou que a falta de clareza sobre tarifas pode pressionar a rentabilidade do negócio. Para manter preços competitivos, o maior varejista do mundo pode ter de sacrificar parte de sua margem de lucro.

Nesta sexta-feira, 11, o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, afirmou que espera uma queda nas estimativas de lucro das empresas americanas, citando a incerteza gerada pelas negociações comerciais do presidente Donald Trump.

“Algumas empresas já retiraram suas projeções. Espero ver mais casos assim”, disse Dimon.

O CFO do JPMorgan, Jeremy Barnum, acrescentou que o guidance do banco está mantido, mas condicionado ao comportamento da economia e dos juros. Ainda assim, ele reconheceu que o cenário atual tem dificultado decisões estratégicas.

“Este nível de incerteza política torna difícil planejar o longo prazo”, afirmou.

Incerteza afeta previsões

A nova onda de tarifas sobre parceiros comerciais dos EUA, anunciada em abril, pegou investidores de surpresa e levou a uma rápida reavaliação das projeções de crescimento econômico. Analistas e gestores esperam que, nos próximos balanços, o destaque esteja menos nos resultados passados e mais na ausência de visibilidade sobre o futuro.

Jeff Buchbinder, estrategista-chefe de ações da LPL Financial, afirmou ao Morningstar que sua equipe suspendeu a previsão de lucros para o ano enquanto aguarda “um pouco mais de clareza sobre onde essas tarifas vão parar”.

Para David Lefkowitz, chefe de ações americanas do UBS, parte relevante das companhias do S&P 500 deve optar por não divulgar guidance neste trimestre. “Mais empresas do que o normal simplesmente vão dizer que não têm visibilidade suficiente para fornecer uma projeção precisa”, disse ele, também ao Morningstar.

A incerteza tem paralisado negócios e investimentos. “As pessoas estão recuando nos acordos. Não só os grandes, mas também empresas de médio porte estão sendo muito cautelosas em relação a investimentos”, disse Dimon, do JPMorgan.

A tendência de cautela nas projeções pode se intensificar nas próximas semanas, à medida que empresas divulgam seus balanços do primeiro trimestre de 2025. “Meu sentimento é que as companhias vão ser bastante conservadoras. Elas simplesmente não sabem”, disse Todd Ahlsten, CIO da Parnassus Investments, ao Morningstar.

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