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Fundos mono ação atingem retornos de até 120%. Vale a pena entrar?

Fundos que investem em apenas uma ação pegam carona na valorização da empresa, mas taxas elevadas em gestão passiva podem não compensar

Bolsa: fundos monoação acumulam retornos superiores ao Ibovespa, mas podem não compensar pelas taxas cobradas do investidor (Germano Lüders/Exame)

Bolsa: fundos monoação acumulam retornos superiores ao Ibovespa, mas podem não compensar pelas taxas cobradas do investidor (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 25 de dezembro de 2020 às 06h00.

Destinados a investir em ações de apenas uma empresa, os fundos monos atingiram ganhos expressivos. De acordo com o ranking da plataforma Mais Retorno, dos 10 fundos de investimentos com as melhores performances do segundo semestre, nove investem em ações de apenas uma empresa.

Com alta acumulada de 117% no período, o CSN Investimento FIA foi o mais rentável. Disponível exclusivamente a empregados, ex-funcionários e aposentados da siderúrgica que leva o mesmo nome, o fundo é livre para investir em outras ações, mas segue a política de investir em apenas uma, a da CSN.

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Devido ao bom desempenho, o fundo CSN (CSNA3), gerido pela Taquiri Asset, atingiu neste fim deste ano o maior patrimônio líquido de sua quase uma década de história: 266 milhões de reais. Mas o crescimento não se deu por meio de atração de novos cotistas, que tem caído constantemente. Desde sua criação, a base de cotistas caiu 15,88%, de 7.181 para 6.041, embora tenha batido o Ibovespa em seis dos últimos nove anos e acumule retorno 159 pontos percentuais superior ao do principal índice da bolsa.

Criado para funcionários do Magazine Luiza (MGLU3), o fundo Santander FI Colaboradores Magazine Luiza Ações também passa por um efeito semelhante. Embora acumule 4.590% de alta desde que foi criado em 2011, o número de cotistas caiu 65%, de 801 para 280.

Parte importante dessa queda de cotistas, explica Juliana Machado, analista de fundos da EXAME Research, reside nas taxas cobradas por fundos monos. “A taxa de administração que esses fundos deveriam cobrar deveria se a menor possível e nem deveria ter taxa de performance. E a razão disso é muito simples: o fundo monoação está comprando apenas uma ação”, afirma.

Embora tenham se tornado cada vez mais irrelevantes com o maior acesso de pessoas físicas ao mercado de capitais, os fundos monoação ainda formam uma indústria bilionária. De acordo com dados da Anbima (a associação das entidades do mercado de capitais), o patrimônio líquido total dos fundos dessa classe de ativos era de cerca de 5,56 bilhões de reais até outubro, que é 0,41% de toda a classe de fundos de ações.

O maior fundo mono do país é o BB Ações Vale FI, tem 1,1 bilhão de reais de patrimônio. Embora invista unicamente em ações da Vale (VALE3), é aberto para pessoas sem vínculos diretos com a mineradora. Criado em 2002, quando sequer existiam home brokers e o pregão ainda era viva-voz, o fundo vem perdendo investidores desde 2008, quando o número de cotistas era de cerca de 150.000.

Hoje, são apenas 35.000, embora o fundo tenha acumulado mais de 2.500% de rentabilidade desde sua criação - ou 1.834 pontos percentuais. a mais que o Ibovespa. Sua taxa de administração, no entanto, é de 2% ao ano, semelhante à taxa cobrada por fundos de gestão ativa.

“O investidor vai ter que ponderar o quanto gastaria comprando ações diretamente na bolsa e quanto ele vai gastar dando ao gestor o trabalho de comprar essas ações. Se o fundo monoação está cobrando uma taxa de administração alta, ele não deve ser considerado como investimento”, diz Machado.

E, mesmo que alguns consigam retornos acima do Ibovespa, os fundos monoação não têm conseguido acompanhar o crescimento do mercado de ações. Ainda segundo a Anbima, o patrimônio líquido desse tipo de fundo cresceu 30% entre o início de 2017 e outubro deste ano, enquanto os fundos de ações como um todo dobraram nesse mesmo período.

Com o acesso facilitado a investimentos e taxas cada vez mais baixas de corretagem, a tendência é que os fundos monoação fiquem cada vez mais para trás, ao menos em termos de captação.

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