Dólar: Os fundos locais embalaram um rali em miniatura do real em maio ao reduzirem em US$ 5 bilhões a posição comprada em dólar (Gary Cameron/Reuters)
Bloomberg
Publicado em 1 de junho de 2022 às 17h18.
Última atualização em 1 de junho de 2022 às 17h30.
Os fundos locais embalaram um rali em miniatura do real em maio ao reduzirem em US$ 5 bilhões a posição comprada em dólar, o que ajudou a baixar a cotação da moeda americana em R$ 0,40 do pico registrado no início do mês.
Investidores domésticos reduziram de US$ 5,7 bilhões em 11 de maio para US$ 616 milhões em 31 de maio a posição comprada na moeda americana, segundo dados da B3 sobre derivativos cambiais compilados pela Bloomberg.
Trata-se da menor exposição ao dólar desde 13 de abril. Já o dólar cedeu da máxima recente de R$ 5,16, em 9 de maio, para R$ 4,73 na última sessão do mês.
É um movimento bem mais tímido em comparação ao que se viu entre 5 de janeiro e 4 de abril, período no qual a divisa cedeu de R$ 5,71 para R$ 4,59. Mas gestores de recursos observam que o real mantém os aliados que favoreceram sua valorização recente.
“É bem difícil carregar uma posição comprada em dólar hoje, por causa do tamanho do carry do real”, disse Daniel Tatsumi, gestor de moedas da ACE Capital. “O patamar das commodities, a melhora fiscal e o crescimento do Brasil já são boas histórias para a moeda. O juro alto é a cereja do bolo.”
Tatsumi pondera que a ACE possui apenas uma posição pequena comprada em real e vem reduzindo a aposta com a melhora recente no câmbio, pois avalia que o espaço de valorização do real é pequeno.
“O nível de preço hoje não é tão apetitoso, se considerarmos que a mínima do dólar foi R$ 4,60”, afirma. Ele diz que, no curtíssimo prazo, um vetor de apreciação do real é a oferta de ações da Eletrobras, mas que no médio termo a política monetária americana e a economia da China são mais determinantes.
A XP Asset montou uma aposta de valorização do real há duas semanas, quando a divisa estava operando na casa dos R$ 5, mas também ressalta que a posição é de pequeno risco para o fundo.
“Foi a primeira vez que ficamos comprados em real, porque vimos uma trégua na discussão de juros maiores nos Estados Unidos e de crescimento pior na China”, diz Julio Fernandes, sócio e gestor de fundos multimercado.
“Mas essa é uma posição menos convicta. Estamos com mais convicção em tomar juros internacionais e vender bolsa americana”, afirma o gestor da XP Asset.
Segundo ele, o dólar tem um espaço limitado de queda, até R$ 4,50, e uma possível discussão do Federal Reserve sobre juro restritivo pode atrapalhar novas apreciações do real. “Esse é um risco para a nossa posição, porque esse debate deve chacoalhar as divisas emergentes.”