Briga com gigantes: fundos voltados para empresas menores acertam mais (Thinkstock/Thinkstock)
Rita Azevedo
Publicado em 4 de outubro de 2017 às 06h00.
Última atualização em 9 de outubro de 2017 às 14h29.
São Paulo -- Gestores de fundos ativos -- cujo objetivo é superar índices de referência -- que investem especialmente em papéis de empresas de menor porte têm desempenho melhor do que aqueles dedicados exclusivamente às gigantes como Itaú e Petrobras.
A conclusão é de um levantamento da S&P Dow Jones Indices, braço da agência de classificação de risco S&P, divulgado nesta semana.
O estudo comparou a performance de fundos brasileiros nos últimos doze meses encerrados em junho deste ano com indicadores que refletem o comportamento do mercado acionário local, como o S&P Brazil MidSmallCap (que reúne as companhias menores, com baixo valor de mercado), o S&P Brazil LargeCap (que reúne as grandes) e o S&P Brazil BMI (mais generalista).
No período, 42% dos fundos ativos que se dedicam exclusivamente a papéis de empresas menores (mid ou small caps), como as da Lojas Renner, Raia Drogasil e Klabin, conseguiram cumprir com o prometido, ou seja, ter desempenho igual ou superior ao mercado.
No caso dos que preferem ações de empresas mais conhecidas, com maior liquidez e valor de mercado (as blue chips ou large caps), a taxa de “acerto” foi bem menor. Apenas 19,5% dos gestores conseguiram bater o benchmark.
No geral, a taxa de fundos ativos que conseguiu acompanhar o mercado na primeira metade de 2017 foi de 30,5%. No mesmo período do ano passado, 52% dos gestores conseguiram o feito.
De acordo com a S&P, apesar da redução, o percentual significa uma retomada em relação ao ano completo de 2016. No acumulado, apenas 18% deles superaram os índices de referência.
Não foi apenas o desempenho dos fundos especializados em mid e small caps que foi melhor no primeiro semestre do ano.
No período, os próprios ganhos dos papéis de empresas menores também foram maiores, se comparados com as gigantes. De acordo com a S&P, o índice S&P Brazil MidSmallCap -- que inclui ações como Lojas Renner, Raia Drogasil, Lojas Americanas, Klabin e Embraer -- acumulou alta de 10,6%.
Já o o S&P Brazil Largecap -- composto por papéis como Itaú Unibanco, Bradesco, Vale, Ambev e Petrobras -- registrou ganhos de 3,7%.
"Small caps geralmente têm menos cobertura de analistas, menos fluxo de informações e menos liquidez que as large caps", explica Phillip Brzenk, diretor global de pesquisa e design da S&P Dow Jones Indices.
"Na teoria, isso significa que há um potencial maior para retorno adicional, o que também significa um potencial maior para perdas maiores, e os gestores podem se aproveitar disso", diz ele.
O índice geral, chamado de S&P Brazil BMI, teve ganhos de 5,8% nos primeiros seis meses do ano.