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Fundos de pensão estrangeiros começam a fugir dos emergentes

Isso é má notícia para quem esperava ganhos argumentando que o interesse dos fundos de pensão limitaria perdas sustentadas nas ações de países emergentes

Oportunidades internacionais (Thinkstock/Thinkstock)

Oportunidades internacionais (Thinkstock/Thinkstock)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 9 de maio de 2018 às 14h23.

Não era de se esperar que os fundos de pensão decidissem vender ativos na pressa. Mas é exatamente isso o que estão fazendo em mercados emergentes, segundo Mark Mobius.

Apesar da fama de pacientes, os fundos de pensão também têm aversão a risco, explicou o investidor de 81 anos, que montou a Mobius Capital Partners após sair da Franklin Templeton Investments. Por isso, esses fundos andaram reduzindo a exposição a risco de maneira geral, vendendo ativos também em países desenvolvidos, ele disse.

“Mais e mais fundos de pensão estão comprando ETFs e, quando os mercados entram em queda, a tendência deles é reduzir”, afirmou Mobius, se referindo à sigla em inglês para os fundos negociados em bolsa. “É uma situação estranha, pois, embora tenham a tendência de investir no longo prazo, eles também querem sair e ficar em segurança.”

Tudo isso é má notícia para quem esperava ganhos nos mercados emergentes, argumentando que o maior interesse por parte dos fundos de pensão dos EUA limitaria perdas sustentadas nas ações de países emergentes. O raciocínio é que esses fundos não compram papéis facilmente, mas quando compram, demoram muito para vender.

Se Mark Mobius estiver correto, essa esperança não se tornou realidade no movimento atual de quedas. O nervosismo está mais aparente: o aumento da volatilidade nas bolsas de nações em desenvolvimento é o mais expressivo desde 2000.

Com a valorização do dólar e rendimentos maiores contendo o apetite por ativos de risco, saíram mais de US$ 6 bilhões dos mercados de renda fixa desde meados de abril, de acordo com o Instituto de Finanças Internacionais. Trata-se de uma virada notável nos mercados emergentes, que aproveitaram uma onda de dois anos de ganhos que levou as bolsas e um índice de moedas para os principais níveis desde pelo menos 2007.

“No grande mercado comprador observado nos EUA por tanto tempo, posições em ETFs foram gratificantes para muitas dessas instituições, mas quando a situação muda e todo mundo procura a porta de saída ao mesmo tempo, pode haver grande volatilidade”, disse Mobius. “Este é um dos motivos para a volatilidade.”

Em 2017, a entrada de dinheiro institucional nas bolsas de países emergentes quase triplicou e o total líquido em ações chegou a US$ 318,6 bilhões no fim do ano, segundo dados da Morningstar. Essa categoria terminou 2017 com o equivalente a US$ 192,7 bilhões em títulos de dívida.

Correção bem-vinda

Para Mobius, debandar dos mercados emergentes por causa de volatilidade de curto prazo é uma estratégia equivocada.

“Há grande chance de haver uma correção, o que não é problema — eu pessoalmente prefiro ver uma boa correção para que o mercado fique mais barato e nós possamos começar a investir”, disse ele. “Estou muito otimista em relação aos mercados emergentes no longo prazo, mas, no curto prazo, a volatilidade pode ser incrível.”

Estes são alguns conselhos dele para quem aplica em ativos de economias emergentes:* Evite fundos passivos e procure empresas que não afundam junto com os principais índices.* Antes de investir em uma empresa, avalie três características: se paga bons dividendos, se o crescimento dos lucros é sólido e, mais importante, se sua dívida é realmente baixa.

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