Os fluxos de saídas de ações europeias atingiram níveis vistos durante a crise da dívida da zona do euro há uma década (Paul Hackett/Reuters)
Karla Mamona
Publicado em 28 de setembro de 2022 às 15h29.
Os fluxos de saídas de ações europeias atingiram níveis vistos durante a crise da dívida da zona do euro há uma década, segundo estrategistas do Citigroup. Mas o movimento pode ser um sinal para comprar.
Fundos de ações europeus podem completar oito meses seguidos de saídas que totalizam US$ 98 bilhões, ou 6% dos ativos sob gestão, disse o banco em nota, que cita dados da EPFR Global. Com base nesses dados, os resgates acumulados agora são maiores do que os saques motivados pelo impacto da Covid em 2020 e são comparáveis à crise da zona do euro de 2011-12, disseram estrategistas como David Groman e Beata Manthey.
Em casos anteriores, quando as saídas atingiram 6% dos ativos sob gestão, o índice MSCI Europe posteriormente ganhou 16% nos próximos 12 meses, escreveram, observando que a crise financeira global foi uma exceção, pois as vendas continuaram naquela época.
Desta vez, a economia europeia está novamente à beira de uma recessão provocada pela inflação acelerada, um banco central decidido a apertar a política monetária e uma grave crise de energia. O índice de referência Stoxx 600 entrou em mercado baixista na sexta-feira, depois de cair mais de 20% em relação à máxima de janeiro. E, nesta semana, estrategistas do Goldman Sachs projetaram que os lucros regionais devem encolher 10% no próximo ano.
Estrategistas do Barclays avaliaram em nota nesta quarta-feira que as ações europeias parecem ter pouca demanda, estão muito baratas e de certa forma precificadas para o pior, o que significa que sua recompensa-risco pode ser inclinada positivamente em relação às ações americanas, mais caras e com grande número de investidores.
Mas a equipe acrescentou que “sem algum tipo de resolução para a guerra e para o choque dos termos de troca que a região enfrenta, duvidamos que valuations baratos sejam suficientes para reverter a sorte da Europa”.
Essa visão é apoiada por alguns indicadores técnicos. Embora o Stoxx 600 esteja agora no chamado território de sobrevenda - muitas vezes um precursor de um rali - o benchmark caiu abaixo do nível-chave de 400 pontos, que tem sido fonte de grande resistência nas últimas duas décadas.