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Fundos abutres "sobrevoam" Argentina à espera da hora de comprar

Bancos acreditam que investidores com forte apetite por risco apareçam quando os preços estiverem próximos de 30 centavos de dólar

Argentina: controle de capitais acalmou mercados. (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Argentina: controle de capitais acalmou mercados. (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

TL

Tais Laporta

Publicado em 5 de setembro de 2019 às 14h20.

Última atualização em 5 de setembro de 2019 às 14h26.

A onda de vendas na Argentina é tão grave que, em breve, poderá atrair investidores de dívida distressed apostando em ganhos em meio a uma reestruturação.

Com os títulos de dívida no mercado externo sendo negociados a 38 centavos de dólar, os fundos abutres provavelmente ainda estão longe de atacar. Firmas como Morgan Stanley e Merian Global Investors acreditam que investidores com forte apetite por risco apareçam quando os preços estiverem próximos de cerca de 30 centavos de dólar.

"O mercado vai cair ainda mais, e investidores distressed entrarão em algum momento, mesmo com a incerteza", disse Alain Nydegger, gestor de recursos da Pala Assets, na Suíça, que tem foco em dívidas de mercados emergentes.

Menos de cinco anos depois de fechar um acordo com credores que rejeitaram a reestruturação após um default recorde em 2001, a Argentina novamente parece um bom alvo para fundos especializados em lucrar com ativos distressed. Depois de uma onda vendedora causada pela derrota do presidente Mauricio Macri nas eleições primárias para o candidato da oposição, Alberto Fernández, o governo disse no domingo que vai impor controles de capital como medida de emergência para segurar a desvalorização do peso.

Gestores de recursos e analistas diziam que investidores provavelmente recuperariam de 30 centavos a 40 centavos de dólar em títulos internacionais da Argentina se o país optar por uma reestruturação. Por enquanto, o governo disse que planeja adiar pagamentos de até US$ 101 bilhões em dívidas.

Os títulos de 100 anos da Argentina, que estão entre os mais negociados, caíram na terça-feira para 37,7 centavos de dólar. Os títulos denominados em dólar com vencimento em 2048 eram negociados a um preço semelhante, enquanto os títulos em euros com vencimento em 2028 e 2038 estavam um pouco abaixo, próximos a 35 centavos de dólar.

Investidores de dívida distressed provavelmente vão esperar até que os títulos argentinos estejam bem abaixo dos valores de recuperação esperados antes de comprar, disse Eric Baurmeister, que ajuda a administrar US$ 12 bilhões em dívidas de mercados emergentes no Morgan Stanley Investment Management, em Nova York. Os preços podem cair para 20 centavos de dólar ou menos, disse em entrevista.

Os ativos e as reservas internacionais da Argentina estão em queda desde as eleições primárias de 11 de agosto. Investidores, preocupados com o fato de que um governo liderado por Fernández priorize gastos sociais em detrimento do orçamento, levaram o peso a uma desvalorização de 19% desde as primárias, enquanto as reservas caíram em US$ 13 bilhões, ou quase 20%, para US$ 53,1 bilhões.

Delphine Arrighi, gestora de portfólio da Merian Global Investors, com sede em Londres, também citou o nível de 30 centavos de dólar como potencialmente atraente para alguns investidores. Isso, no entanto, dependerá dos sinais das políticas a serem adotadas pelo novo governo, disse.

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