Investimento: mirar em emergentes deu a fundo norueguês rentabilidade de 30% em cinco anos (peddhapati/Creative Commons/Flickr)
Luiza Calegari
Publicado em 24 de novembro de 2016 às 14h07.
Eis uma boa notícia: as pessoas mais pobres do mundo terão mais dinheiro. Essa perspectiva já está deixando mais rico um fundo da Noruega voltado para mercados emergentes.
A aposta em uma nova classe de consumidores em mercados de fronteira como Quênia, Tanzânia e Vietnã proporcionou ao fundo Holberg Rurik uma taxa de retorno em dólares de 30 por cento nos últimos cincos anos.
O desempenho é superior ao registrado por 91 por cento de seus pares, segundo dados compilados pela Bloomberg.
“Eles estão em uma fase inicial de crescimento, na fase econômica mais atraente da história”, disse Leif Anders Fronningen, gestor do fundo de 420 milhões de coroas norueguesas (US$ 49 milhões) na Holberg Fondsforvaltning, em entrevista realizada em Oslo na terça-feira.
“São mercados menores, portanto menos investidores olham para eles. A combinação é de crescimento maior e preços menores.”
A investida do Holberg em alguns dos países mais pobres do mundo permitiu que o fundo escapasse da queda ampla ocorrida nos mercados emergentes mais maduros.
As bolsas das economias em desenvolvimento foram derrubadas pelos preços menores das commodities e por níveis elevados de endividamento.
O MSCI Emerging Markets Index, que é a referência acompanhada pelo Holberg Rurik, acumula baixa de 9 por cento nos últimos cinco anos, enquanto o índice de fronteira da MSCI recuou 1,4 por cento.
Uma das métricas utilizadas por Fronningen e seu sócio Harald Jermiassen é a penetração do crédito ou a quantia de dívida da economia.
Em diversos países africanos, o crescimento do endividamento apenas começou, enquanto na Turquia, na África do Sul e em outras nações, “a corrida terminou”, ele disse.
Capturar esse crescimento significa investir em empresas de alta qualidade e pouco capital. Geralmente, o fundo encontra três ou quatro companhias por país após um “processo de seleção rigoroso” e agora tem uma carteira concentrada composta por 25 a 30 empreendimentos nos quais o fundo tem “alta convicção”. Entre seus principais ativos estão Guaranty Trust Bank, Naspers e Vietnam Dairy Products.
“Nos posicionamos para aproveitar o consumo, a demanda doméstica nas economias de crescimento mais rápido”, afirmou o gestor de 34 anos. “Boas empresas expostas à expansão da classe média.”
A dupla quer distância de empresas de energia e commodities por causa do risco político. De modo geral, a fraqueza das instituições é a principal desvantagem quando se trata de investimento em mercados de fronteira, na visão de Fronningen.
“O argumento para gestão ativa nos mercados emergentes é muito mais forte do que no caso dos EUA”, ele disse. “Esses mercados geralmente são bem mais ineficientes. Há muitas coisas estranhas nos índices e você acaba levando petrolíferas e mineradoras junto com o mercado como um todo.”