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Fundo Soberano ainda não comprou dólares

O FSB não comprou o dinheiro estrangeiro desde 2009, o que contribuiria para conter a valorização do real

O governo prefere utilizar instrumentos tradicionais de intervenções do Banco Central para tentar conter a contínua valorização da moeda nacional (Joe Raedle/Getty Images)

O governo prefere utilizar instrumentos tradicionais de intervenções do Banco Central para tentar conter a contínua valorização da moeda nacional (Joe Raedle/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2011 às 11h05.

São Paulo - Praticamente dois anos de ameaças e até agora nada. A frase resume o que foi a atuação do Fundo Soberano do Brasil (FSB) no mercado de câmbio. Desde 2009, o Tesouro Nacional frequentemente menciona a possibilidade de entrar comprando dólares no mercado para tentar conter o ímpeto de valorização do real. Mas o fato concreto é que o governo ficou só na ameaça verbal e deixou o FSB apenas como um suposto craque que está no banco de reservas e nunca entra em campo.

A equipe econômica preferiu, até o momento, utilizar instrumentos tradicionais de intervenções do Banco Central (BC) para tentar conter a contínua valorização do real. Na lista de mecanismos usados, estão as compras de dólares nos mercados futuro e à vista (para as reservas internacionais), o uso de medidas tributárias e regulatórias, como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) mais alto para o ingresso de capitais estrangeiros, e as limitações para os bancos apostarem na alta do real.

Já o Fundo Soberano tem um patrimônio líquido de R$ 18,8 bilhões. Mas, em tese, seu poderio de atuação é muito superior a esse valor, porque o Tesouro pode emitir títulos públicos para a carteira do FSB, para que este possa comprar mais dólares.

Efeito psicológico

Apesar da inoperância do Fundo no mercado cambial, o governo considera que a mera possibilidade de intervenção já ajuda no esforço para evitar que o dólar caia muito rapidamente. A visão é que as expectativas têm peso importante na formação do preço da moeda e o risco de um novo comprador, com grande potencial de aquisição, entrar no mercado a qualquer momento seria levado em conta para a definição da cotação.

O presidente da Sociedade Brasileira de Estudos das Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luiz Afonso Lima, enxerga problemas na estratégia de "ameaçar e não fazer". Ele considera que quando o governo cogita a hipótese de atuar de alguma forma, o mercado se antecipa e traz mais recursos para fazer frente à ameaça, o que acentua a tendência de valorização da moeda.

"É um tiro que sai pela culatra. Ameaçar é a pior hipótese", afirmou. Na visão de Lima, se quiser agir, o governo deve fazer sem pré-avisos. A despeito dessa avaliação, Lima não considera que o efetivo uso do FSB mudaria alguma coisa em relação aos rumos da taxa de câmbio brasileira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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