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Fundo do investidor bilionário George Soros vende ações e sai da Petrobras

Soros Fund Manegement exclui os papéis da empresa, que antes tomava a maior fatia individual da carteira, e redireciona investimentos no Brasil para Vale

Soros: Petrobras tinha posição de 634 milhões de dólares no fundo antes da total exclusão da carteira (.)

Soros: Petrobras tinha posição de 634 milhões de dólares no fundo antes da total exclusão da carteira (.)

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Da Redação

Publicado em 17 de agosto de 2010 às 17h23.

São Paulo - O bilionário George Soros, raposa do mundo das ações e renomado investidor internacional, desfez-se de todos os papéis da Petrobras que faziam parte do seu fundo de investimentos.

Em documento submetido ontem à SEC (Securities and Exchange Comission), reguladora do mercado de ações americano, o Soros Fund Manegement LLC declarou a venda de 9,1 milhões de ADRs representando ações ordinárias da Petrobras (PETR3) e 5,88 milhões de ADRs representando papéis preferenciais (PETR4) da petrolífera. A posição representava 634 milhões de dólares. O Soros Fund Management LLC administra 25 bilhões de dólares.

A notícia seria corriqueira se não se tratasse de um dos faros mais lúcidos para ações nos últimos anos. Soros está ao lado de Warren Buffet quando o assunto é fama no mercado financeiro - o investidor ficou conhecido nos anos 90 ao ganhar um bilhão de dólares num único dia quando "quebrou" o banco da Inglaterra apostando na desvalorização da libra. Nos anos 70, Soros montou seu próprio fundo hedge, o Quantum Fund, na companhia da lenda das commodities Jim Rogers. A Petrobras era a empresa com a maior fatia em sua carteira.

A decisão de Soros precede a oferta gigante de ações da Petrobras, marcada para setembro deste ano e que mantém os investidores desconfiados diante das incertezas dos processo. Durante o segundo trimestre, as ações da Petrobras se desvalorizaram em 24%. A captação dos recursos pela estatal brasileira poderá ser a maior já realizada no mercado de ações no mundo.

Soros não é o único gigante internacional que preferiu não esperar para ver: o Black Rock, fundo com a maior fatia da Petrobras, recentemente passou a vender as ações da estatal por temer atrasos e mudanças no processo de capitalização. "Se o laudo da ANP não sair até agosto, só sai em setembro, e alguns investidores estrangeiros não vão querer participar durante o período eleitoral. Não está na hora de ser agressivo com os papéis da Petrobras", disse Will Landers, gestor para a América Latina do fundo em entrevista ao Site Exame.

Soros compra Vale

As apostas de Soros no Brasil não foram totalmente abandonadas: o mesmo documento submetido à SEC mostra a inclusão dos papéis da Vale na carteira do fundo, pela compra de 121 mil ações no segundo trimestre.  O fundo também manteve seus investimentos em ações da AmBev, Santander e Net, e excluiu Bradesco - este último possuía uma participação bastante limitada na carteira, com apenas 13 mil ações.

O banco suíço UBS também parece ter perdido a paciência com as incertezas e rebaixou a recomendação para as ações ordinárias da empresa de neutra para venda. Para a analista Lilyanna Yang, há um crescente risco de que a empresa pague mais do que o esperado pelo direito de exploração de 5 bilhões de barris de petróleo dos poços da área do pré-sal, a chamada cessão onerosa. Cálculos do Banif sugerem que o valor de cada barril a ser transferido deveria ser de 7,6 dólares cada, mostra relatório divulgado hoje.

Analistas divergem sobre desempenho do papel

Depois dos resultados reportados no segundo trimestre, outros bancos mantiveram a recomendação de compra para as ações da estatal. Em relatório, o Goldman Sachs indica a compra para os investidores que miram ganhos no longo prazo. “Para os investidores com horizontes de curto-prazo, a permanência das incertezas com a transferência dos direitos de exploração de 5 bilhões de barris e a capitalização relacionado podem continuar a pesar no sentimento no período mais curto”, explica o analista Arjun N. Murti.

O analista Christian Audi, do Santander, também mantém a recomendação de compra. O JPMorgan está um pouco mais cauteloso e possui uma recomendação neutra. “O atual nível de endividamento da empresa enfatiza a importância da capitalização para cumprir com o plano de US$224 bilhões de capex (investimentos). Nesse sentido, as incertezas relacionadas a avaliação dos barris e ao timing da oferta continuarão penalizando as ações”, explica o banco Safra, em relatório assinado por Sergio Goldman. A recomendação é outperform (performance acima da média). 

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