Fundo multimercado: O fundo Dahlia Total Return subiu cerca de 30% em moeda local ao longo dos últimos 12 meses, mais de cinco vezes o retorno médio dos pares (Germano Lüders/Exame)
Karla Mamona
Publicado em 17 de novembro de 2020 às 08h56.
(Bloomberg) -- Um grupo de ex-executivos do Bank of America no Brasil está por trás de um fundo multimercado que superou quase todos os seus pares durante o último ano.
O fundo Dahlia Total Return subiu cerca de 30% em moeda local ao longo dos últimos 12 meses, mais de cinco vezes o retorno médio dos pares e atrás somente do Truxt Long Bias e do Itau Hedge Plus em uma lista com 174 multimercados monitorados pela Bloomberg. O ganho refletiu uma visão positiva para as ações brasileiras e atraiu investidores, com captação líquida de quase R$ 3 bilhões no mesmo período.
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O fundo, gerido pela Dahlia Capital, apostou em nomes e setores que se beneficiam de um cenário de juro baixo no Brasil, disse Sara Delfim, que ajudou a montar a casa em 2018, após uma passagem de nove anos pelo BofA. O Dahlia Total Return também ganhou com exposição ao mercado acionário norte-americano, dólar, metais e NTN-B. Atualmente, cerca de 50% do patrimônio do fundo está em ações brasileiras.
“Nossa carteira expressa a visão de mundo com juro baixo e políticas de estímulos acentuadas”, disse Sara Delfim, em entrevista. Ela cita que a temporada de resultados do terceiro trimestre tem trazido “uma surpresa positiva a cada dia”, com muitas companhias aproveitando a crise para acelerar investimentos.
O desfecho da eleição norte-americana acabou fortalecendo a tese a favor de ativos de risco, enquanto as notícias positivas em relação ao desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus trazem “mais visibilidade”, de acordo com ela.
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No mercado local, a gestora de recursos tem preferido três temas principais na bolsa: nomes do setor elétrico, como a Eneva; companhias com um componente de tecnologia, como Totvs e Weg; e “empresas ganhadoras” de seus respectivos setores, como Localiza, Lojas Renner e Natura & Co.
A Dahlia espera que a agenda de reformas no Brasil seja retomada após o país ter elevado as despesas públicas no combate à pandemia.
“As reformas foram atrapalhadas, mas não canceladas”, disse José Rocha, um dos sócios-fundadores da Dahlia, mencionando avanços recente como a lei do saneamento e a autorização por parte do STF da venda de refinarias da Petrobras sem aval do Congresso.
Para Rocha, o maior risco no curto prazo no está em uma potencial tensão social no Brasil, em meio ao nível elevado de desemprego. “Isso gera insatisfação. Quem está desempregado tem pressa”, disse.
A Dahlia Capital foi criada em 2018, tem cerca de R$ 8 bilhões sob gestão e conta com um time de 15 pessoas, com a maior parte do seu time de gestão vindo do BofA.