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Fundamentalistas e grafistas: coisa está feia para a bolsa

Na última quarta-feira, o Índice Bovespa fechou com uma queda de 2,10%, na casa dos 56.200 pontos


	Na opinião de um experiente gestor, queda da quarta e dos últimos dias tem a ver com o sentimento dos investidores estrangeiros com a maré de intervenções do governo
 (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

Na opinião de um experiente gestor, queda da quarta e dos últimos dias tem a ver com o sentimento dos investidores estrangeiros com a maré de intervenções do governo (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2012 às 09h43.

São Paulo - Não há muitos pontos em comum entre o perfil de analistas fundamentalistas e dos grafistas para avaliar o desempenho de ações ou índices. Nessa semana, entretanto, uma semelhança foi acrescentada a essa lista. Ambos concordam que a coisa ficou feia para a bolsa brasileira.

Na última quarta-feira, o Índice Bovespa fechou com uma queda de 2,10%, na casa dos 56.200 pontos. Enquanto isso, nos Estados Unidos, a queda das principais bolsas – às quais a brasileira costuma seguir – não passou dos 0,50% em boa parte do dia.

Na opinião de um experiente gestor, que preferiu não ter seu nome citado, a queda da quarta e dos últimos dias tem a ver com o sentimento dos investidores estrangeiros com a maré de intervenções do governo no mercado brasileiro. O caso emblemático é o da renovação das concessões do setor elétrico.

Segundo ele, a queda do Ibovespa surpreendeu, porque era esperada uma leve melhora, assim como aconteceu nas bolsas americanas e europeias, que reduziram as perdas ao longo do dia. “Além disso, não houve notícia, nada que justificasse uma queda nesse nível”, afirma. “Estamos percebendo um mau humor muito grande com relação ao mercado brasileiro.”

Esse gestor afirma que o mal estar com o Brasil por causa do caso do setor elétrico consolidou a visão de interferência do governo. Segundo ele, essa situação está disseminando no mercado um sentimento de desconfiança, fazendo os investidores estrangeiros desistirem do mercado brasileiro. “Até o dólar, que tinha um movimento estável, subiu até R$ 2,07, são sinais negativos.”

Para ele, a “briga entre governo e setor elétrico” cria um ambiente de confrontação no mercado “do qual que ninguém gosta, e não quer ter por perto”.


Ladeira abaixo

Além dos problemas internos, o exterior também não ajuda. A Grécia endividada e com problemas para obter financiamento junto aos credores tira o sono dos investidores. A Espanha, indecisa sobre pedir ou não ajuda à União Europeia, também. E os Estados Unidos, à beira de um possível “abismo fiscal”, são a cereja do bolo.

O analista gráfico da corretora CGD Securities, Eduardo Collor, explica que, no mercado americano, o Índice S&P 500 se aproxima de um suporte “fortíssimo, de 1370 pontos”. “Se isso acontecer, deve vir uma retração ainda mais forte, buscando os 1345 pontos”, diz. “O mercado lá está em um canal de baixa, e aqui segue a mesma tendência.”

De acordo com Collor, o Ibovespa tem um “canal de baixa secundário”. Segundo ele, basta uma olhada no gráfico semanal do índice, junto com um estudo usando o método Fibonacci de análise técnica para ver que o Ibovespa tem um “índice de retração” de 62%.

O que isso significa? A máxima do Ibovespa no ano foi atingida no dia 06 de setembro, aos 63.428 pontos. A mínima aconteceu no dia 27 de julho, aos 52.212 pontos. Entre um dia e outro houve uma alta de 21,5%. “O Ibovespa já devolveu 62% (o tal índice de retração) dessa alta”, sinal de que pode vir mais queda pela frente. “Tem um suporte muito forte nos 56.200 pontos, e se o índice fechar abaixo disso, vai buscar os 54.500 pontos”, afirma Collor.

Se esse patamar em torno de 54 mil pontos for perdido, a próxima parada são os 52 mil. O grafista da CGD, entretanto, não vê o Ibovespa atingindo esse patamar, exceto por uma razão. “Acho improvável, mas, quem vai dar o tom do movimento é a conjuntura nos Estados Unidos”, diz. “Nem falo na Europa, porque a questão lá ainda vai demorar anos para ser completamente resolvida, mas nos EUA, a questão é imediata e precisa ser resolvida.”

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